O vereador Wagner Enoque (PRB) ficou visivelmente emocionado durante inauguração do  Centro de Recuperação de Dependentes Químicos.  A cerimônia foi realizada na manhã desta segunda-feira (11) em Araguaína e contou com a presença da senadora Katia Abreu, do prefeito Ronaldo Dimas (PR) e demais autoridades.

Durante discursos, Wagner, um dos idealizadores do Projeto, relembrou a luta iniciada há quatro anos para a implantação do Projeto. Visivelmente emocionado, ele falou dos desafios enfrentados e também contou experiência de sucesso na reinserção social. "Fico muito emocionado quando falo da comunidade. Foram muitas situações difíceis (...) O melhor investimento é em pessoas", considerou.

Wagner destacou a dedicação da equipe de trabalho que cuida dos dependentes. "Deus proporcionou e colocou na minha vida. Pessoas corajosas, pessoas que saem de suas casas de madrugada para estar nos hospitais, auxiliando quando [um recuperando] entra em crise de abstinência. [...] Resolveram abraçar esta causa juntamente comigo."  Agradeceu o presidente fundador e mantenedor da entidade.

Entre as situações difíceis, citadas por Wagner, citou o caso de um dependente de 32 anos que abusava de sua própria mãe. O nome dele foi preservado por Wagner, mas confirmou que o caso ocorreu em Araguaína. "Quando chegamos naquela casa, que nós vimos a situação, de uma pessoa abusar sua mãe, nós choramos muito. Porque nós [sentimos] a dor da família. (...) E nós resolvemos abraçar esta causa" Relembrou Wagner, com pausa na fala para enxugar as lágrimas.

Mas, por outro lado, Wagner citou também histórias de superação do vício e  recomeço de famílias.  Um dos casos citados foi de Ederson Ferreira, de 37 anos, que usou droga por 16 anos e perambulava pelas ruas de Araguaína, por vergonha da família.  Mas já está concluindo o tratamento.

--O último dia dele na rua era do lado daquele buraco [cratera do Detran].  Ele estava morando ali do lado, dentro daqueles tubos.  E certo dia ele foi banhar numa grota que passa ali (...) ele se ajoelhou dentro daquele buraco e orou a Deus pedindo ajuda. (...) Quando chegou na sua casa, encima da mesa dela, havia um prato de comida, um copo de água. A sua mãe fazia isso todos os dias." Contou Wagner, sendo interrompido por aplausos e glória a Deus.

Ederson, que está concluindo o tratamento, contou ao AN que superou o vício e já faz planos para o futuro. "Eu estava nessa vida há 16 anos e hoje sou liberto, graças a Deus e a essa Instituição que me deu oportunidade. (...) Eu pretendo voltar ao meu trabalho. Eu mexo com estruturas metálicas." Relatou, observando que a Instituição também promove a inserção no mercado de trabalho.

Outro exemplo que Wagner citou foi de Felizwagno Paixão, que concluiu o tratamento e recomeçou a vida social. "Nós realizamos o casamento dele aqui. Quando ele finalizou o tratamento, ele foi pedido em casamento encima de um altar que temos ali na estrutura. E ele aceitou esse pedido de casamento (..) e alguns meses depois realizamos. (...) E a esposa dele hoje está grávida." Destacou Wagner.

Paixão aproveitou a oportunidade para dar seu testemunho de superação e agradecer pela oportunidade. Lembrou que ao chegar na Instituição só tinha a roupa do corpo, mas após vencer a dependência, conseguiu trabalho e anunciou sua nova realização. "Tenho a minha esposa que Deus abençoou. O ano que vem, para honra e glória do Senhor, vou ser pai. Minha vida está sendo restituída".

A Comunidade Vida Nova, com quatro anos de existência, já recebeu 386 internos. Segundo o secretário municipal de saúde, Jean Coutinho, a taxa de recuperação é de 80%.  Agora a instituição recebeu um investimento da estrutura no valor de R$ 1 milhão em emenda da senadora Kátia Abreu e 271 de contrapartida do município.