Atos em várias cidades do Tocantins pedem manutenção de verbas para universidade.

Acadêmicos da Universidade Federal do Tocantins, campus de Palmas, Araguaína e mais cinco cidades protestaram nesta quarta-feira (15) contra o corte de verbas da educação e a Reforma da Previdência. Pela manhã houve debates sobre os temas dentro da universidade e no período da tarde haverá caminhada e atos públicos.

Manifestantes colocaram faixas nos campi da UFT em Palmas e Araguaína em defesa do ensino superior público e técnico. "Eu defendo as Universidades e os Institutos Federais.  Aqui se produz conhecimento." Diz uma delas no Campus Cimba, em Araguaína.

Os manifestantes também divulgaram uma carta aberta à população de Araguaína na qual explicam os motivos do protesto.  Nela, consideram que o governo de Bolsonaro surgiu de correntes de WhatsApp e Fake News e agora pretende fazer a "cruel" Reforma da Previdência. "Numa tentativa última de selar o caixão das desigualdades."

O documento cita ainda o "discurso de ódio" do presidente Bolsonaro e os cortes de 30 % das verbas para Universidades Federais e Institutos Federais. No caso da UFT, com sete campi, a redução chegou a 42%, que representa R$ 18 milhões.  O efeito negativo foi a suspensão de novas bolsas de estudos.

Leia a íntegra da carta aberta  CARTA ABERTA À SOCIEDADE ARAGUAINENSE

"Nos últimos anos, diante o avanço de políticas neoliberais de conluio com o grande capital, a classe trabalhadora vem sofrendo inúmeros ataques sob várias frentes. Ataques esses que visam sua desestruturação e desarticulação, de modo a colocá-la na posição de arcar com todo o ônus das mazelas acometidas em nosso Estado.

Ademais, os avanços de políticas que mitigam o bem-estar de nossa população vão de encontro à conquistas históricas, conseguidas a duras penas e que trouxeram um pouco de dignidade à classe menos favorecida de nossa pirâmide social que, a cada dia, torna mais dolorosa aos trabalhadores que compõem a base. Como os avanços desestruturantes recentes temos a Reforma Trabalhista - aprovada em 2017 - que tinha como principal objetivo "modernizar as relações de trabalho", proporcionando ao empregador mais flexibilidade no trato com os empregados o que provocaria, na tese proposta, um aumento no número de postos de trabalho e redução dos empregos informais. Nada aconteceu como esperado: desemprego manteve-se oscilante e o aumento dos postos informais foi bastante expressivo, principalmente no ano de 2018, onde o número de trabalhadores sem carteira assinada superou, e muito, os que conseguiram assinar a carteira. Não fosse drástico o bastante as mudanças nas relações de trabalho realizadas pelo governo Temer, o governo Bolsonaro - surgido a partir de correntes de Whatsapp e fake news - pretende mexer de forma cruel na Previdência Social de nossa população, numa tentativa última de selar o caixão das desigualdades. Tal proposta, já considerada nos últimos dias de Temer no poder mas que não conseguiu avançar, coloca em risco boa parte do população na medida em que não considera as desigualdades regionais e as especificidades de cada trabalhador brasileiro. Há que se considerar, ainda, todo o discurso de ódio elencado pelo agora Presidente em sua campanha e que começou a surtir efeitos em seus primeiros meses de mandato: estagnação dos processos de demarcação indígena e quilombola, redução inimaginável de recursos destinados à arte/cultura e, mais recente, um corte da ordem de 30% nas Instituições Federais de Ensino (IFES). Em relação ao corte, o impacto nas Universidade e Institutos é bastante oneroso às ações de Ensino, Pesquisa e Extensão e pode acarretar, segundo levantamento de várias instituições, a suspensão de suas atividades nos próximos 2 meses se não houver reversão da medida tomada pelo Governo. Além de prejudicar milhares de estudantes e pesquisadores, prejudica também a sociedade que é parceira de várias instituições em ações que primam pelo desenvolvimento sócio-cultural. A nível local, vale ressaltar que anualmente as bolsas de assistências estudantis, bolsa de pós graduação, via UFT e IFTO, injetam anualmente na economia de Araguaína mais de 1 milhão de reais. Este corte, infelizmente, impactará diretamente a economia local. Os desafios da educação pública gratuita e de qualidade na região de Araguaína não param por aqui. Araguaína tem capacidade para um campus maior do IFTO, o que certamente contribuiria para novos cursos, mais desenvolvimento na nossa cidade, além da instalação de um parque tecnológico articulado aos arranjos produtivos locais. Há que se considerar, também, a falta de um campus da UNITINS, o que geraria mais emprego e mais oportunidades de acesso ao ensino superior. A causa é nobre. A causa é de todos nós araguainenses de coração. Diante deste cenário várias entidades representativas na cidade de Araguaína se reuniram no intuito de criar um movimento em defesa da cidadania para fazer frente os retrocessos causados pelo governo atual. Tal movimento foi batizado de "Povo em Luta" e em reunião no último dia 08 de maio os representantes decidiram por unir forças no próximo ato em defesa dos direitos e contra os cortes absurdos em nossas Universidades e IF?s.  O chamamento, realizado pelos trabalhadores da educação e pelos estudantes das instituições federais, tem como propósito mostrar à sociedade os impactos da Reforma da Previdência e, principalmente, os impactos causados pelo corte de recursos realizados pelo Governo no início do mês de maio. Nós, enquanto seres políticos e sociais, temos o dever de somar na luta por melhorias e, principalmente, na luta pela manutenção de nossos direitos e investimentos. Esse é o primeiro passo de muitos de nosso movimento, que se não for dado não chegaremos a lugar algum. Convidamos toda comunidade a somar forças contra todo este processo de desmonte e precarização da educação pública, gratuita e de qualidade que ameaça a geração de hoje e do amanhã. Povo em Luta - em defesa dos seus direitos!"