O caos na segurança pública de Araguaína mais uma vez mobilizou a Associação Comercial e Industrial de Araguaína – Aciara para cobrar soluções imediatas dos poderes públicos. Durante uma reunião realizada no último dia 21, na sede da associação, diretores e representantes da sociedade organizada discutiram a necessidade de implementação de medidas como a criação de clínicas de reabilitação para usuários de drogas na cidade, cobrança quanto ao sistema de monitoramento eletrônico prometido pela Prefeitura e mais policiais nas ruas.

Segundo o presidente da Aciara, Manoel de Assis Silva, as deliberações da reunião serão levadas ao conhecimento do Estado e do município. “Agendaremos uma reunião com o prefeito para solicitar esclarecimentos sobre as promessas de campanha assumidas com a ACIARA, principalmente com relação à segurança em nossa cidade. Também faremos coleta de dados para sugerirmos a reativação das células comunitárias”, afirmou.

Uma outra reunião está agendada para o dia 4 de fevereiro para analisar os resultados das ações deliberadas, inclusive convidando outras entidades de classe para se integrarem a esse grande movimento.

Dados

A violência sofrida pelos comerciantes da cidade em 2013 foi traduzida em números durante a reunião: 256 furtos e 231 assaltos. Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública – CONSEG, Dr. Dearlye Kuhn, os dados são desanimadores. “Essa estatística é somente no comércio do centro da cidade, já que boa parte dos comerciantes e da população não fazem boletins de ocorrência quando sofrem delitos”, revela Dr. Dearley

Monitoramento

Os diretores da Aciara lembraram que a associação encabeçou o projeto de monitoramento das principais ruas e avenidas de Araguaína por meio de câmeras de alta resolução. As imagens geradas em tempo real seriam mais uma ferramenta para prevenir a criminalidade. “Mas o projeto da Prefeitura que previa a instalação de mais 14 equipamentos em pontos estratégicos nunca saíram do papel”, pontuou o presidente do CONSEG.

A unidade que possui a única câmera que esta instalada no prédio da Aciara está inoperante, pois os agentes policiais que estavam designados para esta finalidade tiveram que ser disponibilizados devido ao baixo número de policiais nas ruas.  “E o problema poderá ser agravado já que está previsto a aposentadoria de mais de mil policiais somente este ano e o concurso promovido pelo Estado abrirá somente 300 vagas”, conclui Kuhn.

Causas

O juiz da Vara de Execuções Penais, Dr. Antônio Dantas, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Araguaína, Dr. José Hilário, reforçaram que uma parcela significativa do problema com a segurança pública advém da precariedade da educação, saúde e da estrutura física da cidade. “Não adianta colocar um ‘exército’ nas ruas se há lacunas em outros bens igualmente necessários ao cidadão”, ressaltou o magistrado.

Os representantes do Judiciário acrescentaram, ainda, que são necessárias mudanças no sistema eleitoral, reforma tributária, fiscalização dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, cobrança da prática de programas de ressocialização de presos, cobrança de respostas contra a impunidade com bandidos de ‘colarinho branco’ e ainda a unificação da sociedade para a implantação de projetos sociais e recuperação de viciados em drogas e álcool. “E há a possibilidade de se estruturarem relatórios que apresentem prestações de contas das verbas públicas para acompanharmos os investimentos dos governos”, completou Ronaldo Dias, diretor da Aciara.

Sociedade

 A participação e cobrança da sociedade por meio dos conselhos municipais foi outra ferramenta salientada durante o encontro. Mas de acordo com a presidente do Lions Clube de Araguaína, Alessandra Machado, os órgãos não são levados a sério como deveriam. “Ser um conselheiro municipal é um trabalho voluntário, por isso deve haver um comprometimento grande. Esta é uma das formas de fiscalização das contas públicas do município”, salientou Alessandra.

Disposições

Ao fim da reunião, que contou com a presença do presidente da OAB, Dr. José Hilário Rodrigues; do representante do Rotary Club de Araguaína, Ronaldo Carvalho; da presidente do Lions Clube, Alessandra Machado Oliveira Moutinho; do presidente do Sindicato Rural, Roberto Paulino da Silva; do juiz de Direito Criminal do Fórum de Araguaína, Dr. Antônio Dantas de Oliveira Junior, e do representante da Grande Loja Maçônica do Estado do Tocantins Alexandre Modesto Braune, além do corpo diretivo da Aciara, ficou acordada a formulação de um documento que contenha as reivindicações debatidas na reunião, a saber:

1) estudo e pesquisa de quantos policias a mais serão necessários para Araguaína;

2) Criação de um conselho permanente;

3) Enviar um manifesto escrito para as autoridades competentes, assinado por todas as entidades que participaram da reunião;

4) Organizar uma grande manifestação pública ;

5) Criar uma comissão permanente para organizar e acompanhar as contas e gastos públicos;

6) Sugerir ao poder público municipal a criação de uma guarda municipal;

7) Sugerir parcerias entre poder público e empresas para resocialização de presos;

8) Reestruturação e capacitação das Células Comunitárias;

9) Sugerir projetos de cursos profissionalizantes no presídio Barra da Grota.