Ramila Macedo

Foram cerca de 40 dias de provas, mas três alunas de família humilde de Araguaína provaram que é possível alcançar bons resultados mesmo diante das dificuldades. As estudantes vão participar da fase final da 7ª Olimpíada Brasileira de História, que acontece nos dias 15 e 16 de agosto, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP).

Nariana Beatriz, Thaysllanne Monique e Raquel Valadares compõem a equipe “Três Mosqueteiras” coordenada pelo professor de História Iltami Rodrigues. Cursando o 9º ano na Escola Estadual Adolfo Bezerra Menezes, as meninas participaram da Olimpíada pela primeira vez, e se destacaram dentre as 77 equipes do Tocantins inscrita na competição. Elas concorreram com alunos inclusive do 3º ano do ensino médio.

A competição é aberta a todosâ?? escolas públicas e privadas, estadual ou municipal, colégio militar e até instituto federal. Em entrevista ao AN, o professor das alunas explicou que o formato da Olimpíada da Unicamp é diferente das olimpíadas do MEC. Envolve três alunos e um professor orientador. A equipe participa de cinco fases online e eliminatórias, uma por semana, durante cinco semanas de provas. A final é presencial, em Campinas (SP).

As três alunas moram no Setor Presidente Lula, enfrentam a dificuldade de morar distante da escola. 

As meninas, todas de 14 anos, moram no Setor Presidente Lula, bairro periférico da cidade. Longe da escola e sem internet em casa, o jeito foi apelar para uma amiga. “A gente tinha que arrumar a nossa casa primeiro pra ir lá [na casa da amiga]. E tinha que ser muito rápido. Chegava na casa da amiga às 10 e 11 horas o ônibus  já tava na porta. E tinha vídeos que não dava pra assistir. A internet era dos outros, né. E a escola é muito longe pra gente ir a pé e voltar” contou Nariana Beatriz.

Professor Iltami considerou a situação complicada.  “O ideal, uma vez participando da competição, é que a escola criasse condições para essas alunas estarem aqui [na escola] em horário alternativo. Foi necessário contar com o esforço pessoal delas”.

Ele contou que o projeto inicial foi começar uma tradição de participação de olimpíadas do colégio Adolfo Bezerra de Meneses. Por isso iniciou com alunos do 9º  ano. “O resultado foi muito bom. Os Estado demonstra satisfação através das lideranças, diretores e secretários, porém as condições não estão sendo dadas para que resultados como esse possam se repetir. Dar condições para que as alunas tenham acesso efetivamente é importante”.

Agora, as “Três Mosqueteiras” se preparam para a última fase, que será uma prova escrita sobre todo o conteúdo da fase online, que este ano tratou de preconceitos. Para superar a falta de leitura dos textos complementares da fase online, o orientador Iltami disse que está sendo providenciado o material impresso.

As adolescentes embarcam rumo a Campinas no próximo dia 14, junto com o professor e uma coordenadora. Também representa o Tocantins na ONHB uma equipe de alunas do 3º ano do ensino médio da escola Rezende de Almeida, em Itapiratins, coordenada pela professora Aletícia Rocha que participa pela segunda vez da final.

Olimpíada de História

A Olimpíada Nacional em História do Brasil começou em 2009, e tem sido um grande sucesso entre alunos e professores de todo o país. Elaborada pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), esta iniciativa firmou-se no cenário educacional como uma proposta inovadora de estudo consistente de História.

Neste ano participaram 9.700 equipes, mas somente 301 delas, de todo o país, conseguiram chegar na final.