A senhora Lucelina Gomes dos Santos, de 88 anos, conhecida como Dona Juscelina, abriu as portas de sua casa em Muricilândia para receber o candidato ao governo Vicentinho Alves (PR), nesta quarta-feira (30). Ela o convidou para rezar diante do altar em sua casa, mas em pouco tempo, a foto que retratou o momento foi compartilhada nas redes sociais com mensagens de discriminação religiosa.

Na foto, Vicentinho aparece com alguns aliados de joelhos diante do altar com imagens de Nossa Senhora Aparecida, Padre Cícero e outros quadros na parede como do Sagrado Coração de Jesus e de Maria. Além de dona Juscelina que aparece de pé.

Ela e o candidato viraram alvo de comentários racistas e preconceituosos. Uma mensagem bastante compartilhada traz o texto: "após reuniões em Muricilândia, candidato a governador Vicentinho Alves vai ao terreiro de macumba pedir despacho para ganhar as eleições".

Em outra postaram: "Vicentinho de joelhos pedindo apoio espiritual da Mãe de Santo Dona Juscelina na cidade de Muricilândia pra ganhar a eleição".

Após saber da repercussão em tom pejorativo, Dona Juscelina, que é líder de comunidade Quilombola que leva seu nome desde 2007, gravou vídeo explicando quem é ela. Com sua simplicidade, disse que não merece as ofensas e afirmou que tratou o candidato como qualquer um que chega a sua casa.

"Fui parteira aqui 25 anos. Sou amigo dos evangélicos, sou amigo de toda igreja. Por que o governador entrou ontem, nós rezemos (sic) o Pai Nosso e eu acompanhei ele até a hora que ele seguiu. É assim recebo qualquer um".

Ela acrescentou: "Fui quebradeira de coco, pegada na enxada, não mereço minha gente, aguentar uma defama (sic) desse jeito. Chamar eu de feiticeira. Macumbeira é os feiticeiros que eu vejo falar. Eu tô muito sentida e tô muito pertubada (sic). E derramando lágrima de vez em quando. Mas eu me conformo que meu Deus é aquele do Céu. Aquele que foi na cruz e morreu por nós todos" disse em vídeo.

O candidato Vicentinho também reagiu aos comentários que teve autoria atribuída a um vereador portuense.  "É preciso respeitar uma senhora 88 anos, liderança consolidada da comunidade quilombola, religiosa, cristã, que nos recebeu em sua casa com toda boa vontade".

De acordo com o candidato, ele fazia caminhada pela região e foi convidado para entrar na casa de dona Juscelina. "Ela perguntou se eu tinha fé e me convidou para rezar um Pai Nosso e a parte do terço que eu já conheço, da minha origem cristã".