Ramila Macedo e Fernando Almeida
Apesar do governo do estado ter apontado redução da criminalidade em Araguaína no primeiro semestre desse ano, com diminuição de furtos e roubos, em contrapartida o número de homicídios cresceu e já ultrapassou em 11% as ocorrências de todo o ano de 2014.
Compartivos
Segundo divulgado em janeiro pelo ex-comandante Major Silva Neto, 36 pessoas foram mortas no ano passado. Um balanço da Polícia Militar, a pedido do AN, aponta que do começo de 2015 até a primeira quinzena de agosto, 40 pessoas já foram assassinadas em Araguaína. Somente nos oito meses deste ano, o número de homicídios já é 11% maior que o registrado durante todo o ano passado.
Agosto violento
O balanço referente ao 1º semestre de 2015 mostra que entre 1º de Janeiro e o dia 31 de junho, 28 pessoas foram assassinadas em Araguaína. No mês de julho outras seis foram mortas. Agosto começou sangrento: só na primeira quinzena a PM já registrou seis assassinatos. São 12 mortos num período de apenas 45 dias. Segundo a PM, a maioria das vítimas é homem, com passagens pela polícia e envolvimento com drogas.
Perfil das vítimas
De acordo o 2º BPM, das 28 ocorrências do 1º semestre, somente em quatro casos as vítimas não tinham envolvimento com drogas ou passagens. Já neste segundo semestre, dos 12 registros de homicídios, a metade das vítimas tinha passagem ou envolvimento com drogas.
Dados do governo
No fim de maio, diante de uma avalanche de críticas à segurança pública, o governo de Marcelo Miranda (PMDB) divulgou dados apontando redução da criminalidade em Araguaína. Segundo os números, houve redução de 48% de furtos e 35% nas ocorrências de roubo e também houve aumento de prisões. Na época, deputados da oposição chegaram a pedir o retorno do ex-comandante Major Silva Neto. Em reposta, o governo defendeu a atual comandante major Patrícia Murussi, enaltecendo seu empenho e atuação no comando da tropa do 2º BPM.
Números omitidos pelo governo
Na época, o Estado omitiu os números referentes aos assassinatos, não mencionou o efetivo e tampouco o número de viaturas em Araguaína. E destacou que o esforço para o combate à violência era feito com o trabalho desdobrado da PM, colocando os militares do administrativo para atuar em ações operacionais . O incentivo do governo ao efetivo era o pagamento de horas extras para maior carga horária de trabalho. O Estado também disse que a cidade de Araguaína também contava com reforço importante da Companhia de Operações Especiais (CIOE), COE, Giro e Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA).
Investigação do MPE
Ao contrário da visão otimista do Estado, uma investigação do Ministério Público Estadual revelou a precariedade da segurança em Araguaína. De acordo com o MPE, a comarca de Araguaína possui déficit 187 homens. Em relação às horas extras, o Órgão de Fiscalização considerou excessivas, mencionando que os militares chegaram a cumprir jornadas semanais de até 72 horas, quando, por direito, o máximo é de 40 horas.
Falta de efetivo
Segundo o MPE, além do déficit de militares, da jornada de trabalho excessiva, o 2º Batalhão tem apenas quatro viaturas para atender toda a cidade de Araguaína, com uma população de quase 200 mil habitantes. Entre janeiro e junho de 2014, 41% das ligações para o 190 não foram prontamente atendidas, segundo o MPE.
Manifestação dos empresários
Em junho a classe empresarial de Araguaína, sob o comando da Aciara, saiu às ruas para pedir mais segurança pública. Em resposta às reinvindicações, a cúpula de Segurança Pública disse que o Estado estava com um contrato de locação de 500 veículos, sendo que 167 já haviam sido entregues. Foi prometido que em até 40 dias novos veículos seriam entregues para Araguaína, mas até este mês de agosto não se tem notícia disso.
Cobranças do MPE
Diante das precariedades, o MPE ajuizou uma Ação Civil Pública contra o Governo do Estado e requer ampliação do efetivo, conserto de viaturas e ampliação de automóveis. Também o Ministério Público requereu a reforma do 2º BPM e dos destacamentos da PM nos municípios que compõem a Comarca, bem como que se iniciem, no prazo máximo de 90 dias, avaliações com vistas à realização de um novo concurso público para a PM, entre outros pedidos.
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