Dona Raimunda Rodrigues, de 84 anos, faleceu na última quinta-feira (30), no HRA.
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Após enterrar uma idosa vítima de covid-19, a família recebeu ligação do Hospital Regional de Araguaína (HRA) informando que ela estava viva e o estado de saúde era estável. A ligação deixou a família na dúvida se a matriarca havia morrido ou se tinham pago R$ 5 mil para enterrar o corpo de um desconhecido.

A confusão ocorreu na última sexta-feira (31 de julho) em Araguaína. Dona Raimunda Rodrigues Sertão, de 84 anos, estava com sintomas de covid-19 e levada para UPA, mas foi transferida para o HRA no domingo (26), diante da piora do estado de saúde. Com o diagnóstico, segundo a família, ela foi internada na UTI e acabou sendo entubada. 

Aquela foi a última vez em que os parentes viram dona Raimunda. O HRA informava diariamente à família sobre o estado de saúde dela. Cinco dias depois da internação, o Hospital comunicou o falecimento.  

A família relata ter gasto R$ 5 mil com despesas funerárias, não ter visto o corpo da idosa e que o sepultamento aconteceu na madrugada, por volta das 3h00, no cemitério Jardim da Paineiras. 

O corpo foi sepultado às pressas devido a medidas de segurança por causa da covid-19 e o pequeno cortejo apenas passou em frente à casa de dona Raimunda.

Mas, por volta das 18h30 da sexta-feira (31), a família recebeu uma ligação do HRA informando sobre o estado de saúde de Dona Raimunda, sepultada na madrugada. “Ligou dizendo: a dona Raimunda tá bem, está grave, mas no quadro estável.” Contou o neto Luan Sousa Morais (29 anos), que ficou em dúvida se a avó estava viva ou morta.

“Estamos aqui para ter um esclarecimento. Quem é que tá lá no cemitério? E quem é que tá aqui dentro do Hospital? Ligou para nós dizendo que o quadro dela melhorou. Então nós [viemos aqui, corremos] para cá desesperados. Como assim? Se nós [enterramos] minha avó e hoje chega aqui e diz que a mulher está viva. Ela tá viva ou ela tá morta? Ninguém sabe. Eu quero uma resposta bem clara”. Cobrou o neto em entrevista em frente ao HRA.  A ligação, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foi um erro na unidade e a morte da paciente foi confirmada.

O que diz a SES

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) lamenta mais uma vez o equívoco da equipe médica ao passar o boletim de outra paciente para a família da senhora Raimunda Rodrigues, situações como essa são inadmissíveis e todo equipe foi advertida.

A SES esclarece que o Hospital Regional de Araguaína (HRA) seguiu os protocolos em caso de óbito por Covid-19. Ocorrido o óbito, o médico intensivista é chamado para a constatação do fato, em seguida registra-se fotografia de características que ajudem na identificação do corpo como face, marcas de nascença, cicatrizes, tatuagens, características que sejam marcantes daquela pessoa e também colhem-se as impressões digitais.

Em seguida o médico preenche a declaração de óbito com os dados do paciente e aciona o Serviço Social que, por sua vez, informa à família. Após a realização das fotos faz-se o preparo do corpo pela equipe de enfermagem, e posteriormente é levado ao morgue da UTI Covid, onde o corpo desses pacientes é preservado até ser entregue ao Serviço Funerário.