Política

Câmara de Colinas do Tocantins abre processo de impeachment contra o prefeito Kasarin

A decisão foi tomada durante sessão realizada nesta segunda-feira (27), após a apresentação de duas denúncias por infrações político-administrativas.

Josemar Carlos Casarin, prefeito de Colinas.
Foto: Prefeitura de Colinas do Tocantins/Divulgação
A Câmara Municipal de Colinas do Tocantins aprovou, por 10 votos a 3, a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito Josemar Carlos Casarin (União Brasil), conhecido como Kasarin. A decisão foi tomada durante sessão realizada nesta segunda-feira (27), após a apresentação de duas denúncias por infrações político-administrativas.
 
Uma das acusações aponta que o prefeito teria recebido R$ 144 mil de forma indevida em dezembro de 2024. Segundo a denúncia, o valor foi pago como 13º salário com retroativos de 2021, 2022 e 2023, além de férias vencidas, o que, segundo os denunciantes, não era autorizado por lei na época.
 
O pedido de impeachment foi protocolado no dia 17 de outubro pelo jornalista Ricardo Fernandes, proprietário do site Diário Tocantinense, e pelo ex-funcionário da Câmara Victor Augusto.

Acusações

De acordo com o documento, os pagamentos foram considerados irregulares porque a previsão de 13º e férias para o prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores só foi criada em dezembro de 2023, por meio de uma emenda à Lei Orgânica do município.
 
Além disso, os denunciantes afirmam que o pagamento de rescisão contratual seria “juridicamente impossível”, já que o mandato político não é regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Com a aprovação do processo, a Câmara inicia as etapas previstas no Decreto-Lei nº 201/1967, que regula os casos de cassação de prefeitos e vereadores.
 
Será formada uma comissão processante para apuração dos fatos, garantindo ao gestor o direito à ampla defesa e ao contraditório. Ao final, o relatório será votado em plenário e poderá resultar na cassação ou absolvição do prefeito.

Locação de imóvel não utilizado

A outra denúncia diz respeito a locação de um imóvel para ser a sede do Conselho Tutelar, que nunca foi utilizado. Segundo o documento, o contrato teria sido feito em maio de 2025. O pagamento do aluguel teria iniciado em julho e prolongado por quatro meses. A rescisão do contrato teria sido feita em outubro de 2025.
 
Apesar disso, a denúncia aponta que "o imóvel efetivamente utilizado pelo Conselho Tutelar se encontrava sem cobertura contratual e sem pagamento desde abril de 2025, expondo o município a riscos jurídicos e financeiros".
Durante a sessão, foram definidos, por meio de sorteio, os três vereadores que irão fazer parte da Comissão Processante, responsável pela condução do processo. São eles: Marcus Júnior Guimarães (Republicanos), que ficou como relator da comissão, Edmilson Bolota (UB), como presidente e Ranniere Macaúba (PP), como membro.

Veja como votaram os vereadores

Votaram a favor
 
• Augusto Agra - presidente
• Daniel Garrincha
• Naiara Miranda
• Leandro Coutinho
• Gauchinho Labella
• Professora Elma
• Marcus Júnior Guimarães
• Lazin do Diogenes
• Edmilson Bolota
• Ranniere Macaúba
 
Votaram contra
 
• Jefferson Bandeira Chokito - vice-presidente da Câmara
• Gildeon Morais
• Dayhany Mota

O que diz o prefeito Kasarin

 
Em nota, o prefeito Josemar Kasarin negou qualquer irregularidade. Ele explicou que o valor recebido “compreendeu o subsídio de dezembro, o 13º e férias mais o terço constitucional do período do mandato, que alcançou o valor líquido de R$ 116.907,49, e não efetivamente os R$ 144 mil divulgados nas redes sociais”.
 
Kasarin afirmou que o pagamento foi publicado no Portal da Transparência e destacou que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em 2017, o direito de prefeitos ao 13º e às férias (Tema 484).

Confira a íntegra da nota de Josemar Kasarin

Eu, Josemar Carlos Casarin, Prefeito Municipal de Colinas do Tocantins, venho a público, com a transparência que sempre pautou minha gestão, esclarecer os fatos referentes ao recebimento das verbas relativas a décimo terceiro e férias acrescidas de um terço no final do mandato 2021/2024, que foram objeto de pedido de afastamento junto a Câmara de Vereadores.
 
Primeiramente, importante informar que o valor recebido compreendeu o subsídio (salário) de dezembro, 13º e férias mais o terço constitucional do período do mandato, que alcançou o valor líquido de R$ 116.907,49, e não efetivamente os R$ 144 mil constantemente noticiados nas redes sociais.
 
Vale também esclarecer a população que o pagamento, assim que efetuado, foi imediatamente publicado no portal da transparência do Município, visível a todo e qualquer cidadão, o que demonstra a ausência de intenções ocultas ou desonestas
 
Sobre este tema, a Constituição Federal assegura a todos os trabalhadores o direito ao 13º salário e às férias acrescidas de 1/3 e, para agentes políticos, este direito foi julgado no ano de 2017 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do Tema 484, que entendeu que tais verbas são compatíveis com o regime de subsídio dos Prefeitos.
 
A Câmara Municipal de Colinas, através da Emenda à Lei Orgânica nº 02/2023, inseriu no art. 14-A dispondo que “Fica autorizado o pagamento, ao Prefeito, Vice-Prefeito, Secretários Municipais e aos Vereadores da Câmara Municipal de Colinas do Tocantins, do 13º (décimo terceiro) subsídio e das férias, acrescidas do terço constitucional, previstos respectivamente no art. 7º, incisos VIII e XVII, da Constituição Federal.
 
Ao tomar conhecimento de questionamentos sobre possível irregularidade de tal pagamento, determinei a abertura, em 27/08/2025, de um processo administrativo para apurar o caso e, diante das diferentes correntes jurídicas encontradas sobre a necessidade ou não de uma lei local prévia e visando preservar a integridade da administração e a confiança da população, optei voluntariamente pela restituição dos valores atualizados referentes aos exercícios que poderiam ser objeto de controvérsia, preferindo, em momento oportuno, buscar a confirmação judicial deste crédito, para que a ordem judicial possa encerrar esta discussão.
 
Acrescento, ainda, que sobre o caso já houve expediente junto ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado do Tocantins, demonstrando a boa-fé e transparência.
Reafirmo que nossa gestão será sempre pautada pela honra e respeito máximo aos cidadãos de Colinas e, confiando em Deus e na justiça, mantenho a fé de que toda e qualquer tentativa de ignorar a vontade popular não prosperará. Agradeço a compreensão de todos e permaneço firme no propósito de levar o bem-estar e o desenvolvimento de nossa cidade.