Delegado Hudson Guimarães Leite é lotado em Palmas.

A Corregedoria-Geral da Polícia Civil instaurou sindicância administrativa, no último dia 20, para apurar conduta de um delegado nas redes sociais.  Segundo a Portaria, o delegado Hudson Guimarães Leite, lotado em Palmas, publicou no "status" do Whats App e Facebook "críticas acintosas ao Governo do Estado", sem especificá-las.

Hudson afirmou desconhecer qual publicação motivou a sindicância e disse que usa as redes sociais para dar sugestões sobre temas importantes: educação, moradia, segurança.  Antes da abertura da sindicância, o delegado havia criticado a proibição da entrada de celulares no gabinete do Governador Mauro Carlesse (PHS).

--Falei que chefes de poder não poderia fazer reuniões secretas, por medo de ser gravado. Na verdade, as reuniões (...) deveriam ser transmitidas ao vivo (...) são assuntos republicanos.  E não há porque ser escondido de ninguém.  Explicou o delegado Hudson, em entrevista ao AN nesta quinta-feira, 28.

Acrescentou ainda que deu sugestões como cidadão e utilizou a liberdade de expressão assegurada pela Constituição. O delegado também relembrou de outra crítica feita ao Governo, quando fechou 21 escolas no Tocantins no início de fevereiro.

-- Nós precisamos, ao invés de fechar escola, precisamos é fechar presídios. Precisamos abrir mais escolas e fechar mais presídios. Pois quando você fecha escola agora, certamente vai abrir um presídio depois.

Hudson defendeu  que suas postagens são sugestões prospectivas e dão voz a muitos cidadãos que não tem como fazer as cobranças .  --[Nas postagens] eu exijo do Governo é trabalho. (...) Eleja prioridade para o cidadão. Prioridade de segurança pública, de moradia e educação. Isso é o anseio de todo cidadão brasileiro".

Sindicado defende liberdade

Em nota, o Sindicado dos Delegados de Polícia Civil do Tocantins (Sindepol) defendeu que a liberdade de opinião é um direito constitucional que protege todas as pessoas. Argumentou também que o direito de manifestar uma posição, ou expressar uma opinião jamais deve ser cerceado.  Contestou ainda o fato de o delegado ter sido alvo de sindicância devido as críticas ao Governo.

--Criticar política pública é um direito de qualquer cidadão. O delegado de polícia quando é empossado não perde os direitos de cidadão.  O título de eleitor dele não é cassado. (...) A Constituição nos garante a livre manifestação do pensar, a liberdade expressão. Isso é inadmissível.  Disse em entrevista ao AN o presidente do Sindepol, Mozart M. Macedo Felix.

Mozart acrescentou que é um servidor do Estado e não "do governador" e argumentou. "Você não poder criticar política, não poder criticar a forma como seu estado é gerido. Isso aí a gente via em outras épocas, em época do AI5, no auge da Ditadura Militar."

Perseguição política

Por fim, o presidente do Sindepol disse que o jurídico do sindicato já está acompanhando o caso. Ele acredita que o motivo da sindicância caracteriza perseguição, pois foi instaurada por motivação das críticas feitas pelo delegado nas redes sociais.

"Eu não vejo outra forma, senão perseguição política. Se você não pode criticar o governo, então o governo está te perseguindo." Concluiu Mozart. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) ainda não se manifestou.