Delegado Regional de Araguaína, Bruno Boaventura.
AN-Delegado, quais os desafios têm enfrentado para comandar a Regional de Araguaína? Bruno Boaventura: Olha, a Regional de Araguaína foi tida durante muito tempo como uma das mais problemáticas aqui do estado. Até durante a academia comentava-se nos bastidores que as pessoas não queriam vir porque ela ficou muito tempo sem profissionais, meio esquecida pelo governo. E quem veio pra cá, veio com espírito de mudar a realidade que a gente vivia. E é esse espírito que a gente tem hoje. Tanto a mim, que foi confiado o cargo de Delegado Regional pelo Secretário que queria uma inovação porque o normal seria colocar um delegado já antigo. E eu sou um delegado de primeira classe ainda. Acabei de entrar nesse último concurso. E o Governador comprou a ideia. Eles falaram: vamos tentar uma coisa nova pra ver se a gente consegue sair daquela mesmice. A minha grande proposta e minha grande contribuição foi estimular os policiais, principalmente os que já estavam na ativa e tentar entrar de novo no serviço policial de cabeça. A nossa função primordial e a mais importante é investigar. Além de outras que nós temos, mas essa é investigar os crimes que acontecem.  O desafio era imenso, a Regional era muito complexa tanto pelo tamanho da cidade, quanto pela deficiência do efetivo, mas a gente tem que reconhecer  que o Governo fez a parte dele. Lotou muitos policiais, deu um suporte não ideal, mas adequado de material e viaturas, de armamentos. Então, estou numa realidade bem melhor que o meu antecessor. AN: Qual sua avaliação da Regional de Araguaína desde que o senhor assumiu até agora? Bruno Boaventura: De forma muito positiva. O engajamento dos policiais foi fundamental, vamos fazer em pouco tempo uma estatística sobre isso, mas sem dúvidas aumentou em níveis nunca imagináveis de prisões aqui na cidade. Nós temos na última semana mais de 15 prisões, só decorrentes de mandados de prisão, fora as nossas prisões em flagrante que agora estão sendo já corriqueiras em virtude das investigações em andamento. Casos graves foram resolvidos depois da nossa chegada, principalmente a do Peão de Rodeio assassinado no mês de julho durante a Expoara. Tinham dois ainda foragidos, os dois últimos foram capturados e estão agora aguardando julgamento. E o caso mais emblemático foi do advogado Danillo Sandes, que foi muito desgastante, os policiais que participaram não mediram esforços e foi completamente resolvido. Nós temos o mandante e três executores presos. E isso faz com que as pessoas que tenham ainda esse engajamento pro lado negativo, de cometer crimes, pense duas vezes. Sabendo que a polícia está atuante e tem recursos pra poder investigar e descobrir a autoria dos crimes. AN: Com baixo efetivo nos últimos anos, muitos processos se acumularam. Como anda esses trabalhos? Boaventura: São milhares de procedimentos em andamento. A gente não consegue ainda mensurar porque tem vários ainda sendo catalogados. Mas a demanda tá muito menor do que quando a gente chegou. Os policiais trabalharam durante manhã, tarde e noite. Quase todos os dias nos primeiros meses, finais de semana. Até hoje fazem isso pra tentar desafogar os cartórios das delegacias. E com isso, encaminhando os procedimentos pro judiciário, a pessoa vai ser julgada e lá pode ser absolvida ou condenada. Mas lá, pelo menos, ela vai saber que aquilo não passou em branco. E esse é um dos maiores legados que a gente tá deixando. Mostrar que as investigações não vão mais morrer na praia, a pessoa não vai ficar sendo processada eternamente até o crime prescrever não. Agora ela pode ter certeza que se cometeu um crime, foi identificada, ela vai ser de alguma forma levada a julgamento. AN: Para o senhor, o que representa a cidade ficar 30 dias sem homicídios? Boaventura: Isso é reflexo do trabalho que a gente vem desenvolvendo. Eu não tenho registro de quanto tempo exato Araguaína não passa um mês sem homicídio, mas deve ser muito tempo. Não posso precisar. Dois fatores  que eu acho mais importantes: A criação da Delegacia de Homicídios, com uma equipe especializada, tanto entre escrivães, agentes e os delegados, que são o Dr Rérisson e Dr Guilherme. Eles formaram uma dupla invejável até pra outras delegacias do estado. Cada um com as suas características, com suas qualidades, mas no mesmo propósito que é o de resolver os crimes de homicídio que ocorrem aqui. Essa expertise da equipe tem trazido um grande resultado. E por último, quero ressaltar que nós estamos criando o Setor de Inteligência da 1ª DRP. Com a chegada de um desses novos delegados, ele vai cumular uma outra função que é Coordenador do setor de Inteligência. Ele irá fazer com que todas as informações que chegue até a Polícia Civil sejam condensadas em relatórios de inteligência e aí sim, serão encaminhadas para as respectivas delegacias e pros setores de investigação. Então, com mais essa medida que será implantada até o fim do ano, a gente tende a melhorar muito o nosso setor de investigação e consequentemente com a diminuição da criminalidade. Confira a entrevista com os demais delegados 

http://araguainanoticias.com.br/noticia/32176/delegados-recem-empossados-fazem-balanco-positivo-de-tres-meses-de-atuacao-em-araguaina/