Uma quantia em dinheiro encontrada nas contas de vereadores que são alvos na 2ª fase da Operação Jogo Limpo foi transferida por empresas fantasmas investigadas em um suposto esquema criminoso, segundo a Polícia Civil. A informação foi repassada nesta sexta-feira (3), numa entrevista coletiva.
Durante a operação, foram cumpridos 26 mandados de prisão temporária e 33 de busca e apreensão. São investigados os vereadores presidente da Câmara Municipal, José do Lago Folha (PSD), Major Negreiros (PSB) e Rogério Freitas (MDB).
Os vereadores Folha e Major Negreiros, que tiveram a prisão temporária decretada e ainda não foram detidos, informaram que estão em viagem e vão prestar esclarecimentos quando voltar. A Prefeitura de Palmas prometeu contribuir com as investigações. Confira a resposta de cada um no fim da reportagem.
A suposta associação criminosa desviou R$ 7 milhões da Fundação Fundação Municipal de Esporte e Lazer (Fundesportes) e da Secretaria de Governo e Relações Institucionais da capital. A verba seria destinada a projetos sociais. O dinheiro teria sido usado em campanhas eleitorais de 2014.
"Foi identificado R$ 40 mil na conta pessoa física do [vereador] Rogério Freitas oriundos de uma empresa fantasma utilizada no esquema. Bem como R$ 10 mil na conta pessoa física do vereador Folha Filho [presidente da Câmara de Vereadores], também oriundos de empresas e entidades envolvidas no esquema. Do vereador Major Negreiros foi encontrado em sua rede de influência, familiares, parentes, assessores, cabos eleitorais e militantes. O pagamento de militantes foi feito por meio de recursos ilícitos das empresas fantasmas. A campanha era para deputado estadual de 2014", explicou o delegado Guilherme Rocha, um dos coordenadores da operação.
Ao todo, 22 pessoas foram presas e quatro ainda não foram localizadas. Entre elas, os vereadores Major Negreiros e Folha Filho, que estão viajando. Veja abaixo a resposta dos parlamentares.
Durante o cumprimento de mandados, três pessoas foram presas em flagrante. O marido de uma investigada foi preso por posse ilegal de arma de fogo. Outros dois homens, que já são investigados na operação, também foram presos por posse ilegal de arma de fogo e posse de munição.
Esquema
Os alvos nessa operação passaram a ser investigados depois da 1ª fase deflagrada em fevereiro deste ano. O delegado disse que as pessoas presas na época detalharam o esquema e apontaram outros envolvidos.
O esquema envolve quatro núcleos compostos por servidores, políticos, empresas fantasmas e entidades. Segundo a decisão judicial, 10 entidades investigadas admitiram o uso de notas frias fornecidas por sete empresas fantasmas. As notas seriam para justificar despesas e serviços não realizados. Depois, o dinheiro seria desviado para servidores e agentes políticos ou para terceiros indicados por eles.
"Esse esquema criminoso é arquitetado partindo de órgãos municipais, a Fundesportes e a Secretaria de Governo no âmbito de 2014, onde fizeram chamamentos públicos, já com a intenção prévia de fazer desvio de recursos públicos. Credenciaram entidades que já estavam engajadas no esquema, onde elas receberam recursos desses órgãos públicos, lavaram dinheiro, pegaram notas falsas e transferiram para empresas que já estavam envolvidas no esquema. Essas empresas, ou devolviam dinheiro para esses presidentes para repassar para os demais servidores do esquema ou transferiam direto para servidores públicos, políticos e demais indicados", explicou o delegado.
Outro lado
A Câmara de Palmas informou que o presidente da Casa, vereador Folha, cumpre agenda política em Araguaína e está a caminho de Palmas para prestar os esclarecimentos necessários à Polícia Civil.
A Prefeitura de Palmas informou que está à disposição da Justiça e da investigação para contribuir com qualquer esclarecimento.
O vereador Rogério Freitas disse em entrevista à TV Anhanguera que até o momento não foi acusado de nada e é inocente. O G1 ainda tenta contato com a defesa dos demais citados nesta reportagem.