Douglas Marcelo Alencar Schimitt o homem que é o centro de um grande escândalo político ocorrido na semana passada, deu pistas de que, na verdade, é um “agente duplo”, que tem estreitas ligações com integrantes dos principais grupos políticos no Estado, o de Marcelo Miranda (PMDB) e Sandoval Cardoso (SD).
Em entrevista ao Jornal Opção, em Goiânia, Douglas afirmou que pertence ao “grupo do Siqueira Campos, desde sua primeira eleição”. Sobre o seu encontro com Junior Miranda, irmão de Marcelo, Douglas diz que nunca teve contanto com ele em sua vida, apesar de confessar que se encontraram no hotel e explica porque ele pagou sua hospedagem.
- Júnior passou no hotel e comentou comigo, ali em pé, que precisaria sacar um dinheiro para pagar alguma coisa, mas não estava conseguindo porque o limite de saque não permitia. Então, eu disse a ele que minha conta no hotel daria aproximadamente R$ 1 mil. Perguntei se ele queria passar minha conta no cartão e eu dava o dinheiro para ele. Ele aceitou e assim foi feito. Essa questão do hotel não tem nada a ver. Por exemplo, há vinte dias eu fiquei hospedado durante um mês no Hotel Munarte, em Palmas, e quem pagou foi o Eduardo Siqueira. Uma conta de aproximadamente R$ 3 mil. Então, isso não quer dizer nada, conta Douglas Shmitt.
Douglas continua reafirmando que todo o dinheiro, R$ 1,5 milhão, é proveniente de um empréstimo que fez em uma empresa de Factoring, em Brasília, para pagar suas dívidas e de sua empresa (Triple Construtora). O homem relata ainda que após ser preso, “chegaram até a enviar pessoas ligadas ao governo para me oferecer R$ 10 milhões para dizer que o dinheiro era do Marcelo Miranda”. No entanto, não quis revelar quem lhe procurou.
Conforme entrevista, Douglas garantiu que é amigo pessoal de Eduardo desde 2010 e foi um dos principais aliados dele durante a campanha de seu pai ao governo.
Quebra do sigilo telefônico e bancário
O acusado disse que está tranquilo quanto a quebra dos sigilos, já requeridas pela Polícia Civil, afirmando que não vão achar nenhum vínculo com Marcelo Miranda. “Eu só liguei para o irmão dele no hotel. Só”, disse.
Já em relação ao grupo de Siqueira, Douglas afirmou que “acharão muitas ligações” suas com o Eduardo [Siqueira Campos].
- Não apenas ligações telefônicas. Se perguntarem para o porteiro do prédio dele, ele vai dizer que quase todos os dias eu estava lá. Então, eu acho que ninguém do Marcelo iria confiar a mim uma operação de dinheiro desse tamanho. E se eu fosse fazer algo nesse sentido, eu não iria passar pelas contas da minha empresa e da minha namorada. Eu pediria na factoring que me dessem o dinheiro em espécie. Assim, eu colocava esse dinheiro na caminhonete e levava para o Tocantins.
Entenda
No dia 18 de setembro, Douglas e mais três pessoas — Lucas Marinho Araújo, Roberto Carlos Maya Barbosa e Marco Antônio Jayme Roriz — foram presas no aeroporto de Piracanjuba, em Goiás, portando R$ 504 mil em espécie em um avião. Os quatro são investigados por lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime contra a ordem tributária.
Porém, todo o escândalo está associado ao fato de que, dentro do avião, a polícia encontrou material de campanha do candidato a deputado estadual pelo PMDB de Tocantins Carlos Gaguim. Nos santinhos, ao lado de Gaguim, aparece Marcelo Miranda (PMDB). A investigação da polícia trabalha no sentido de que o dinheiro apreendido serviria de Caixa 2 para a campanha do peemedebista, o que caracteriza crime eleitoral.
Marcelo Miranda, porém, se diz vítima de armação, que estaria sendo tramada por seu principal concorrente, o governador e candidato à reeleição, Sandoval Cardoso (SD). Douglas Schimitt, solto no dia 22 de setembro sob pagamento de fiança, não confirma que foi armação. "Acredito que não tenha havido armação, mas que estão se aproveitando de uma situação para transformá-la em fato político", afirmou Douglas.
Confira a entrevista completa no Jornal Opção