A professora Ionara Miranda da Cunha desenvolve os projetos #Vivaadiferença e Borboletas Amarelas.
Foto: Divulgação Seduc

Educar e inspirar mentes, materializando projetos que contribuam para as transformações dos estudantes e, consequentemente, do mundo ao seu redor. Essas são características dos dois trabalhos desenvolvidos no Colégio Estadual Henrique Cirqueira Amorim, de Araguaína, pela professora Ionara Miranda da Cunha, e que chegam à segunda etapa da 1ª Edição do Prêmio Professor Transformadororganizado pela rede de educadores e pesquisadores Base2Edu e pela Bett Educar. Por ter chegado à segunda fase do Prêmio, a professora já recebeu um certificado e o selo Professor Transformador 2020.

Com os Projetos #Vivaadiferença e Borboletas Amarelas, a professora trabalhou a educação socioemocional dos estudantes do 6°ao 9°ano do ensino fundamental em um processo, por meio do qual os alunos aprendem, dentro do currículo escolar, a refletir sobre seu papel na sociedade, suas emoções e sua relação com o próximo. “Com os projetos, buscamos fazer com que os estudantes reconheçam as suas forças e entendam suas fraquezas, para que possam buscar meios que possibilitem superar os seus desafios e medos”, explicou Ionara.

Projeto Borboletas Amarelas

No Projeto Borboletas Amarelas foram trabalhadas questões ligadas à depressão, automutilação, síndrome do pânico, comportamento agressivo, transtorno bipolar e Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), ansiedade e pensamentos suicidas.

O nome do projeto é uma referência à metamorfose pela qual a lagarta passa até se transformar em uma borboleta, do mesmo modo que muitos estudantes se encontram na fase do casulo, aprisionados em suas dores, precisando passar por uma transformação, conforme explicou a professora.

“Para ajudar os alunos a relatar sua dor, criei a carta do desabafo. Eles deveriam escrever a carta onde poderiam relatar suas angústias, o que os deixavam deprimidos. Alguns alunos optaram por escrever a carta na minha aula de redação, enquanto outros pediram para levar para casa. Levei os alunos que preferiram escrever a carta na escola para o pátio onde podiam ficar mais à vontade, foi um momento bem emotivo, pois muitos escreviam a carta chorando. As cartas foram guardadas lacradas”, ressaltou.  

Também foram realizadas ações em parceria com a Justiça Restaurativa da 2ª Vara Criminal e Execuções Penais da Comarca de Araguaína, que realizou ciclo de conversa na unidade de ensino. “Após a escrita da carta, os alunos conseguiram falar sobre suas dores e angústias. No final do ano, as cartas do projeto desabafo foram lidas pelos que desejavam fazer isso e, na sequência, todas foram queimadas para simbolizar que, assim como elas, a dor e angústia também poderiam acabar”.

Projeto #Vivaadiferença

Já no Projeto #Vivaadiferença foi trabalhado o enfrentamento do bullying e do cyberbullying, a partir do diálogo com vítima e com o agressor. “Tinha uma caixa que eu levava para a sala de aula onde os alunos podiam colocar um bilhete identificando o agressor e o tipo de bulliyng praticado. Mas, como muitas vítimas tinham vergonha ou medo de denunciar, mesmo através do bilhete, criei uma patrulha de cada sala, que funcionava como uma vigilância”. 

De acordo com a professora idealizadora do projeto, a parceria entre a família e a escola foi primordial para que os resultados esperados fossem alcançados. Em caso de reincidência do bullying e do cyberbullying, as famílias eram chamadas na escola para um diálogo conjunto. Como um ato concreto de reconciliação entre os estudantes, os agressores eram provocados a escreverem uma carta de pedido de desculpas.

Resultados

Em 2019, a estudante Maria Clara Ramos Feitosa, 13 anos, cursava o 7º ano e estava passando por um momento difícil da sua vida. “Eu estava com um sentimento de depressão, minha cabeça estava cheia de pensamentos ‘ruins’. Com as atividades realizadas pela professora no Projeto Borboletas Amarelas, eu dei um novo significado para minha vida. Ela é maravilhosa, ela nos ouvia e isso fez toda a diferença na minha vida e na das minhas amigas que participavam junto comigo”, comemorou.

Já a estudante Vitória Oliveira da Silva, 12 anos, fez parte de uma das patrulhas de enfrentamento ao bullying, por meio do Projeto #Vivaadiferença. “Foi um trabalho muito importante. Quando ele começou foi desafiante, mas com o tempo começamos a ver o resultado, o bullying foi parando dentro e fora da sala de aula. Conseguimos conscientizar as pessoas que sofriam a falarem, e os que praticavam a mudarem suas atitudes”, contou.    

Pre?mio

O Pre?mio Professor Transformador tem como objetivo reconhecer práticas inovadoras de professores de todo o país, que tenham como proposta a transformação das salas de aula em ambientes criativos. Na sua primeira edição foram inscritos 1.270 projetos pedagógicos, sendo que 999 projetos foram considerados adequados, conforme os requisitos de cadastro e seguiram para as etapas seguintes da avaliação.

Os 999 projetos que passaram pela análise de conformidade foram submetidos a? analise pedagógica, realizada por mestres e doutores da área de Pedagogia que selecionaram 350 projetos. Cada um dos projetos avaliados recebeu um comentário do avaliador que será enviado aos autores. Desses, 350 projetos foram selecionados e 12 trabalhos serão finalistas.