Seguindo a rodada de entrevistas do Araguaína Notícias com os sete candidatos à Prefeitura de Araguaína, a segunda entrevistada é a candidata Ely do Pró-Vida, representante da Rede Sustentabilidade.

A candidata contou que pretende resgatar o polo de saúde de Araguaína, que segundo ela está ameaçado e sua queda afeta também o polo de educação. Para gestão, defendeu uma prefeitura mais próxima da população, através da criação de 05 subprefeituras nos bairros, que funcionariam aos modos do É Pra Já, numa versão municipal.

Confira!

1.AN? Para início de conversa, quem é Dona Elineide e por que a senhora resolveu se candidatar a prefeitura de Araguaína?

Ely - Diante de tanta corrupção o que é que você faz? A gente se sente explorado, a gente não se sente representado. E o que as pessoas mais dizem é que não tem opção. Então, uma pessoa com um trabalho social que eu tenho, e há tantos anos em Araguaína, é uma boa opção, né? Me coloquei aí à disposição de Araguaína. As pessoas me perguntam, "Dona Ely, é a sua primeira candidatura?"... não só a primeira, como a única. Não pretendo me lançar como candidata novamente, então a oportunidade é agora. (Risos)

2. AN ? O que a senhora considera como principal prioridade no seu plano de governo?

Ely ?Salvar o polo de saúde de Araguaína. Porque mais de 60% do dinheiro que roda em Araguaína vem do polo de saúde e ele está gravemente ameaçado. Então nós já temos aqui uma falta de emprego imensa e, se esse polo cai, ele leva junto o polo de educação, porque quem dá aula no polo de educação são os médicos que estão no polo de saúde. Então isso compromete o nosso curso de Medicina, o nosso de Enfermagem, e a parte de educação superior ligada à área da saúde responde por 20% da renda de Araguaína. Polo de saúde, minha filha, não tem crise. Justamente na época que as coisas ficam mais difíceis, que as pessoas enfartam, dão derrame, se deprimem... não que a gente ache isso bom, mas é uma realidade. Então o nosso polo está morrendo... é a nossa maior fonte de renda. E a cidade não está preparada pra receber a pessoa que vem tratar de saúde. A nossa resolutividade está comprometida por essas agências que atendem, por exemplo: uma consulta é 100, bota mais 15 reais, elas ficam com 15 e dá 100 pra o médico... uma quantidade imensa , atende 30 ou 40 pessoas no dia, mas o retorno é só 5... então é uma conta que não fecha. Porque a maioria das consultas os médicos pedem só exame e não medica; ele quer fechar o diagnóstico, então se tu não consegue retornar nesse médico, tu vai embora pra tua cidade dizendo "Fui a Araguaína e não resolvi nada. Agora vou procurar outro lugar." E é que tá matando também o nosso polo de saúde.

3. AN ? Em termos de gestão, o seu plano de governo menciona a nomeação de cinco subprefeitos. Qual seria o papel desempenhado por eles dentro da administração?

Ely ? Como cidadã de Araguaína e principalmente como Diretora de uma ONG, que é o maior projeto social do Norte do Brasil, quantas vezes eu tentei falar com o prefeito e não fui atendida? E as pessoas, como que elas fazem? O prefeito não é dono, o prefeito é gerente. Então como que o gerente não atende o dono pra saber o que ele quer? Não tem acessibilidade no lugar onde o prefeito está e assim não tem atendimento ao público. Então a subprefeitura vai tá mais perto e ela vai funcionar aos modos do É Pra Já, um É Pra Já municipal. Então ali tem todas as secretarias e a pessoa vai poder se dirigir perto da sua casa pra pedir, exigir, pra reclamar, pra sugerir. É o governo mais perto das pessoas. Porque é pra isso que a gestão municipal existe, pra servir quem optou morar em Araguaína.

4. AN ? Em relação à segurança, além de guarda municipal, a senhora defende implantação de um "plano de segurança pública humanitária". Como seria as ações desse plano?

Ely ? Por exemplo, nós não precisamos de grupo de extermínio, nós não precisamos de centros de reabilitação pra menor. Nós precisamos dar oportunidade pra nossos jovens. A maior parte dos delitos são cometidos  por filhos de Araguaína, meninos, adolescentes ociosos... a família sai pra trabalhar e eles ficam por conta deles mesmos, porque a família não tem como pagar uma pessoa pra cuidar, então ele aprende na rua... E se ele tivesse um lugar pra ir? Então a polícia que vai trabalhar, fazer essa segurança, ela precisa entender que ele não nasceu delinquente, são as circunstâncias que tão levando aquela criança pra o mundo das drogas, do alcoolismo e pros delitos. Então daí a maneira de você tratar tem que ser diferente, tem que ser diferenciada... não é só olhar pra criança e dizer "É bandido!". Não! É um ser humano e nós vamos tentar dar um rumo pra ele.

5. AN ? Uma de suas propostas é a implantar a educação financeira nas escolas. Como funcionará e de que forma irá contribuir para melhoraria da qualidade do ensino?

Ely - Minha filha, a questão financeira ela é gritante. As pessoas precisam aprender que você melhora de vida não é ganhando muito, é gastando pouco. Essa coisa do consumismo... teu celular funciona, mas tu quer o último lançamento. A mídia tá preparada pra te seduzir! Então as pessoas precisam desde cedo aprender a trabalhar com dinheiro. Você vê as pessoas aí na Pecuária super bem vestidas, de bota, de calça, de camisa, de chapéu... comprou à prestação. Fica sem dinheiro pra sentar numa banca pra tomar um refrigerante. Então a pessoa precisa entender desde cedo "Eu quero ou eu preciso?". Porque você tem que adquirir as coisas que você precisa e não satisfazer o que você quer por força do consumo. Então eu acho que a sociedade, as famílias, vão estar muito mais seguras se souber lidar desde cedo com o dinheiro e, esse empreendedorismo, isso já se usa em países de Primeiro Mundo... desde criança, as pessoas aprendem a lidar com o próprio dinheiro.

6. AN - No quesito emprego e renda, seu plano de Governo menciona a implantação das "Casas do Cerrado" às margens da BR 153. Explique um pouco mais.

Ely ?A Rede Sustentabilidade não tem a ousadia de querer fazer tudo sozinha, a gente entende que várias cabeças pensam melhor e, também, para que haja transparência e combate à corrupção, a Rede sugere que seja implantado um Conselho ? o Conselho da Prefeita. Serão sete vagas: uma será ocupada pela prefeita, outra pelo vice-prefeito, e mais cinco por pessoas da sociedade... tem a ACIARA, tem aí a UFT, pessoas que são capazes de contribuir e aconselhar a prefeita a tomar as decisões. Então o quê que acontece? Eles é que vão ajudar a dividir essas quatro subprefeituras. Então a gente imaginou colocar dentro de cada subprefeitura cozinhas industriais, pra que a gente possa trabalhar com o que a gente tem e que está disponível. As mulheres que estão mais preparadas, os homens, eles vão ensinar pra as outras das associações a fazer um licor de pequi, uma comporta, uma conserva, doce da casca de pequi que fica igual ao doce da casca da laranja, a gente via trabalhar com vários tipos de queijo, isso e aquilo outro. E vai vender aonde? Na beira da BR. Então essas são as "Casas do Cerrado", emergencialmente ela vai movimentar a economia do município... À medida que quem tá catando a fruta ganha, quem tá manuseando, quem tá preparando, quem tá embalando, quem tá botando adesivo, quem tá transportando, quem tá cuidado daquela logística. Então, a princípio, isso vai gerar muitos empregos para Araguaína.

7. AN ? A senhora defende uma "eliminação de atravessadores" nos serviços de saúde . Se eleita, de que forma essa medida pode influenciar na melhoria do atendimento a saúde?

Ely - O serviço de saúde fatura dentro do município. Esse faturamento vai para o Estado, o Estado passa pro Ministério. O mesmo caminho de volta faz o dinheiro... Ele sai do Ministério para o Governo do Estado ? Secretaria de Saúde ? e de lá é que vem pra o município. Então "os atravessadores" nesse sentido, porque eles retêm. Você vê aí o prefeito atual dizendo "O Estado deve tanto da saúde", por quê? Porque nesse atravessador ele retém, porque o dinheiro da saúde é um dinheiro líquido e certo. Ele chega todo começo de mês, e aí os gestores no desespero de não ter como manter, eles acabam lançando mão do dinheiro da saúde e isso não pode. Dinheiro de saúde é verba casada. Então eliminando os atravessadores, você vai ter o dinheiro vindo direto do Ministério pra uma conta especifica na prefeitura.

Considerações Finais

Bom, a própria Justiça Eleitoral chama a atenção das pessoas para o empoderamento das mulheres. Então nós temos aí duas mulheres pela Rede, numa chapa puro sangue, a Dona Ely e a Tia Jô. Somos mãe de família, pessoas que estão indignadas assim como a maioria da população com tanta corrupção, com tanto desmando, e nos colocamos à disposição pra gerir Araguaína. Estamos preparadas! Nós entramos com a cara e vocês com o voto. Eu acho que é uma parceria que pode dar certo.