O Tocantins é um dos Estados que estarão mais endividados em janeiro de 2015, quando os novos governadores tomarão posse, do que estavam no mesmo mês de 2011, quando começou a gestão do ex-governador Siqueira Campos (PSDB). É o que mostra levantamento feito pelo portal UOL junto ao Tesouro da Fazenda. Conforme o portal, a dívida do Tocantins somava R$ 1,1 bilhão em abril de 2014, o que representa 19% da receita corrente líquida do Estado. Em 2010, esse comprometimento era de 16%.

O UOL explicou que o levantamento dos Estados foi feito com base em dados do balanço final de 2010 e de abril de 2014. Além de Tocantins, tiveram a dívida aumentada Acre, Amapá, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Roraima e Sergipe.

O economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Alexandre Manoel explicou ao UOL que, mais endividados, os Estados passam a pagar prestações maiores, comprometendo ainda mais os apertados orçamentos das unidades e reduzindo, teoricamente, o poder de investimento futuro.

Conforme o UOL, procurados, cinco Estados responderam aos questionamentos. Todos alegaram estar com margem de financiamento dentro do limite. Acre, Amapá, Rondônia e Tocantins não responderam à solicitação do portal.

Críticas às finanças desde 2013
Desde o ano passado que a oposição na Assembleia vem questionando a condução das finanças do Estado. Os deputados afirmavam que os cerca de 25 mil comissionados exonerados ainda em 2011 foram substituídos ao longo do tempo por outros com salários bem superiores, o que também foi apontado por sindicatos dos servidores.

O deputado José Augusto Pugliesi (PMDB), presidente da Comissão de Finanças, Tributação, Fiscalização e Controle, da Assembleia, disse ao blog no final de junho do ano passado que o governo Siqueira Campos inchou a folha com a contratação cara de comissionados e aumentou impostos - diminuindo a atividade econômica e, consequentemente, a arrecadação, elevando ainda mais a inadimplência.

Também disse que o governo aumentou o custeio "absurdamente". "Tem secretaria em que o custeio é maior do que o gasto com pessoal e não há um centavo de investimento", criticou na época.

Além disso, os oposicionistas sempre criticaram o volume de empréstimos contraídos pelo Estado - foi pedida a autorização da Assembleia para R$ 2 bilhões e até julho do ano passado o governo já tinha recebido R$ 1,023 bilhão. Então, o Legislativo aprovou outros R$ 260 milhões. Desde o último levantamento do próprio CT, outras operações financeiras podem ter sido contraídas. Para a oposição, esses empréstimos junto a bancos nacionais e internacionais poderão comprometer ainda mais a capacidade de investimento do Estado em médio e longo prazos.

Troca de governo


Apesar de todas as críticas, o governo de Siqueira sempre argumentou que a situação caótica das finanças do Estado foi uma "herança maldita" dos governos Carlos Gaguim e Marcelo Miranda, ambos do PMDB.

Em abril deste ano Siqueira renunciou ao mandato, junto com seu então vice-governador, João Oliveira (DEM). Em seu lugar assumiu o atual governador Sandoval Cardoso (SD).