Erradicar o trabalho escravo contemporâneo por meio da informação. Esse é um dos objetivos do projeto "Escravo, nem pensar" desenvolvido em várias escolas públicas do país este ano. Em Araguaína, professores e alunos da Escola Estadual Modelo trabalharam com o projeto desde agosto, e neste mês de novembro apresentaram os primeiros resultados.
A professora Sônia Maria Sousa foi a representante da escola Modelo que recebeu capacitação da regional de ensino para ser uma multiplicadora de informações sobre o trabalho escravo.
Em entrevista, ela contou que o Tocantins lidera o vergonhoso ranking de casos de trabalho escravo contemporâneo. Sem emprego, pessoas em vulnerabilidade social acabam acreditando em promessas de trabalho em lugares afastados. Muitas acabam enfrentando baixa renumeração, condições precárias de trabalho e moradia. "É muito grave e nossa região tem muita coisa pra resolver".
Atividades desenvolvidas
Sônia explicou que as atividades do projeto envolveram professores de todas as disciplinas, cada um responsável por uma turma. "Todos em conjunto, elaboramos um plano de ação, no qual os professores escolheram várias estratégias e métodos".
A partir disso, foram produzidos gibis, cartazes, apresentações de músicas e teatro, e escolha de poema sobre o tema. E para contribuir com o debate, membros da Comissão Pastoral da Terra realizaram palestra na escola.
Como identificar trabalho escravo contemporâneo
Segundo a educadora, a ideia foi capacitar os alunos para que eles saibam identificar e agir diante de uma situação de trabalho escravo. E se engana quem pensa que o trabalho escravo é só aquele dos tempos coloniais de pessoas presas a correntes. Os alunos foram orientados sobre quais as situações que configuram o trabalho escravo contemporâneo.
"Fizemos todo o trabalho de deixar claro na cabeça do nosso aluno, qualquer uma das quatro situações, que são: trabalho forçado; jornada exaustiva; servidão por dívida ou condições degradantes de trabalho. Mesmo que seja apenas uma dessas quatro já configura como trabalho escravo contemporâneo".
Como agir
Sônia disse que os alunos ficaram cientes de qualquer uma dessas situações já pode ser denunciada aos órgãos competentes. Ministério do Trabalho, Polícia Federal, Pastoral da Terra e sindicato, inclusive de forma anônima. Ou até mesmo ao professor.
"A realização do trabalho vem confirmar o apoio que a escola pode dar no combate a esse crime. Um representante de cada família da sociedade, matematicamente, está na escola. Então, ele sabendo, olhando a situação, repassando às outras pessoas, com certeza é um multiplicar interessante das informações para orientar e assim evitar esse crime" finalizou.