
Nesta semana, o país se estarreceu e se indignou com as imagens de violência extrema de um ex-jogador de basquete contra a namorada. Foram 61 socos, um espancamento cruel contra Juliana Garcia, indefesa, dentro do elevador de seu prédio, em Natal, no Rio Grande do Norte.
Antes mesmo de passar pela cirurgia reparadora para reconstruir o rosto deformado pelos mais de 60 socos que levou do então namorado, Igor Cabral, Juliana Garcia falou pela primeira vez sobre a agressão.
Segundo a jovem, o crime aconteceu motivado pelo ciúme excessivo que Igor tinha dela. "Ele pediu pra eu mandar mensagem para um amigo perguntando se ele ia lá no prédio encontrar com a gente e ele respondeu que sim. Ele pediu pra ver meu celular e mostrar as mensagens para outro amigo nosso e eu não deixei", iniciou seu relato ao "Domingo Espetacular" da TV Record.
"Então ele disse que eu o estava traindo e jogou meu celular na piscina [do prédio]. Ele já havia quebrado outros dois celulares meus, por ciúmes. Sempre me acusando de traição", lamentou.
Namorado ameaçou matar Juliana no elevador
Quando Juliana percebeu, Igor estava correndo em direção ao elevador que o levaria ao apartamento dela. Nessa hora, ela assumiu ter ido atrás, preocupada do ex-jogador de basquete quebrar suas coisas dentro de casa.
"Chegamos praticamente juntos no meu andar e ele pediu que eu saísse do elevador, mas eu recusei porque eu sabia que fora do elevador não tinha câmera”, explicou.
Após uma breve discussão, Juliana afirmou ter alertado Igor sobre a presença da câmera e contou ter acenado para ela na tentativa de mostrar para o porteiro que alguma coisa errada estava acontecendo. Mas não deu tempo.
"Ele disse: ‘então você vai morrer’ e começou a me bater", relembrou. "Eu botei o meu braço na frente do meu rosto pra tentar me defender. Meu propósito era me manter viva, me manter consciente na medida do possível. Porque se eu me entregasse, eu tenho certeza que eu não estaria aqui pra contar essa história", disse, emocionada.
Juliana afirma lembrar de ter pedido para Igor parar com as agressões, sem sucesso. "Ele não respondeu nada", contou. E disse que apesar de ter saído andando do elevador, já não estava plenamente consciente.
"A imagem mais marcante desse momento é ele olhando pra porta e ajeitando o chinelo como se nada tivesse acontecido", desabafou. E finalizou, aliviada apesar de todo o trauma: "O que vem na minha mente é que eu resisti. Ele falhou no plano dele".
Agora, Juliana só pensa em se recuperar: "O pior está quando eu me olho no espelho e não consigo enxergar a mulher vaidosa que eu sou, minha vida que foi tirada. Meu olhos roxos simbolizam resistência e esse é só o começo da minha nova vida".
Frieza do agressor
Após o crime, Igor Cabral, que está preso, encontrou duas vizinhas de Juliana e disse que ia se entregar. "Ele veio em direção a mim e pediu para chamar a polícia. Eu perguntei porque ele tinha feito isso e ele disse: 'foi porque ela me traiu'", resumiu uma das moradoras do prédio, que afirmou que, naquele momento, Juliana estava chorando muito.
Um dos policiais que atendeu ao chamado do porteiro do prédio afirmou que encontrou Igor muito tranquilo. "Ele botou as mãos pra trás pra ser algemado, dizendo que estava errado, que perdeu a cabeça. Muito frio o cara...", contou.
Para a delegada do caso, Victória Lisboa, as imagens são a "prova inquestionável da vontade de matar". O vídeo chocante mostra que Juliana levou 61 socos violentíssimos na cabeça e no rosto.
O espancamento durou 34 segundos. "Foi do décimo sexto [andar] até o térreo. Ele me esmurrando sem parar, né?", descreveu a vítima.
Cirurgia reconstrutiva
Na sexta-feira, Juliana passou por um complexo procedimento de reconstrução facial em um hospital público. A cirurgia, prevista para quatro horas e meia, estendeu-se por quase sete horas devido à sua complexidade. Ela sofreu três fraturas na região do olho direito, uma maior, de lado a lado, abaixo do nariz, pequenos fragmentos na maçã do rosto e outra fratura na mandíbula.
Apesar da seriedade, o risco de sequelas neurológicas foi descartado. A recomposição funcional e estética do rosto de Juliana será acompanhada por, pelo menos, dois meses na mesma unidade do SUS. (Com informações Domingo Espetacular)