
Esperar por um transplante de córnea envolve sentimentos de ansiedade e esperança. Para muitos pacientes, esse procedimento representa a única possibilidade de recuperar a visão. No Tocantins, o tempo médio de espera é de aproximadamente dois anos, o que reforça a importância da prevenção e da conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos.
No Tocantins, os avanços são resultado da criação do Banco de Olhos do Tocantins (Boto), em 2016, que funciona no Hospital Geral de Palmas (HGP). Desde então, já foram realizados mais de 400 transplantes de córnea. Somente em 2025, já são mais de 50 procedimentos feitos.
O serviço é responsável pela captação e preservação dos tecidos oculares, que posteriormente são destinados à Central de Transplantes do Estado para distribuição a quem aguarda pelo procedimento. Essa estrutura contribui para reduzir gargalos e oferecer mais agilidade no atendimento à demanda regional.
Atualmente, mais de 300 tocantinenses aguardam na fila de espera por uma córnea. Entre as principais causas que levam à necessidade da cirurgia estão o ceratocone, que provoca deformação da córnea, as distrofias hereditárias, cicatrizes decorrentes de traumas ou infecções oculares e complicações de cirurgias anteriores.
Para a oftalmologista do Hospital de Olhos de Palmas e diretora do Boto, Dra. Ana Beatriz Dias, a prevenção deve ser vista como a primeira linha de cuidado. “A córnea é uma estrutura muito sensível. Exames oftalmológicos periódicos permitem identificar alterações precocemente, tratar de forma adequada e, em muitos casos, evitar que a doença evolua para a necessidade de transplante. Mas quando a cirurgia é inevitável, a doação se torna um ato de solidariedade capaz de devolver não só a visão, mas também a autonomia e a qualidade de vida das pessoas”, explica.
Qualquer pessoa sem contraindicações médicas pode se tornar doador de órgãos e tecidos. No entanto, a doação só se concretiza com a autorização da família, o que reforça a importância de manifestar esse desejo em vida e conversar abertamente sobre ele. No Tocantins, equipes habilitadas atuam em Palmas, Araguaína e Gurupi, onde é feita a busca ativa por potenciais doadores.
Em meio à campanha Setembro Verde, a mensagem é clara: a doação de órgãos e tecidos pode salvar vidas e devolver qualidade de vida a milhares de brasileiros. Mas tão essencial quanto isso é a prevenção, e manter o check-up oftalmológico em dia continua sendo a forma mais eficaz de proteger a visão e evitar complicações que levem à necessidade de um transplante.