Fernando Almeida/Araguaína Notícias

Além da superlotação, a Casa de Prisão Provisória de Araguaína (CPPA) enfrenta problemas com desperdícios de água, tratamento do esgoto e abriga focos de mosquitos da dengue. A unidade foi notificada pela Secretaria Municipal de Saúde, não resolveu o problema e foi multada em R$ 20 mil, por manter no pátio criadouros do Aedes aegypti.

A reportagem do Araguaína Notícias acompanhou a vistoria realizada na manhã desta terça-feira (23) e o que não falta são problemas. Logo na entrada do pátio, a água que jorra da caixa d´água escorria no chão. O reservatório, que comporta 15 mil litros está com a estrutura corroída. “Está em situação precária, praticamente a ponto de desabar,” observa o defensor público Sandro Ferreira.

Desperdício com água

Juiz Antônio Dantas. Foto: Fernando Almeida//AN

Para o Juiz da Vara de Execuções Penais, Antônio Dantas, a segurança do atual reservatório está ameaçada e o desperdício de água causa prejuízos. “Está na eminência de desabar, com vários furos. A sociedade está tomando vários prejuízos,” alerta o magistrado.

Dantas fez as contas e afirmou que o dinheiro levado pela agua daria para comprar uma nova caixa.  Isso porque a conta era no valor de R$ 4 mil e após os vazamentos saltou para R$ 14 mil. A diferença é de R$ 10 mil, enquanto um novo reservatório custa em torno de R$ 9 mil. “Estamos pagando isso sem necessidade,” denuncia o Juiz criticando a falta de gestão.

Esgoto a ceu aberto

Já na parte do fundo da CPPA, o problema é o esgoto que se acumula a céu aberto, em valas ao lado da fossa, exalando mau cheiro. Todos os dias, quando transborda em excesso, a sujeira escorre para a rua e incomoda a vizinhança. Para amenizar a situação, o Limpa Fossa é acionado duas vezes por dia.

O magistrado também fez os cálculos do dinheiro que desce pelo esgoto na CPPA. São R$ 30 mil reais gastos apenas com a empresa que faz a limpeza da fossa.  “São coisas simples que podem ser resolvidas de uma maneira correta e adequada. O problema (...)  aqui de Araguaína não é falta de dinheiro público.  O problema é a má gestão da coisa pública,” desabafa o magistrado.

Sandro Ferreira. Foto: Fernando Almeida//AN

Em relação ao problema do saneamento, o defensor público Sandro classificou como caótica. “A situação de saneamento básico na unidade é terrível, gerando focos de doenças e própria comunidade sofrendo com o mau cheiro dentro de suas residências. E que mais causa espanto, é uma unidade que tem toda estrutura para tratamento do seu esgoto. Estrutura está montada, mas não foi implementada. Vejo o contrassenso no custo que há para o Estado ter que manter a manutenção diária.”

Focos da dengue no local

Além da superlotação, vazamento na caixa e esgoto a céu aberto, o pátio da CPPA é um local propício para a proliferação do mosquito da dengue. No local há veículos aprendidos, que ficam no relento e acumulam água. Numa vistoria realizada pelos agentes de endemias foram encontrados focos do mosquito Aedes aegypti no local.

Multas

Por causa desses problemas, a CPPA foi multada em R$ 20 mil. “A multa vai ser aplicada agora porque o prazo [de 5 dias após as notificações] venceu. Já foram várias vezes notificados,” explicou o secretario municipal de saúde, Jean Coutinho.

Em relação a multa, ele especificou que são R$ 10 mil por causa das condições sanitárias da fossa. E os outros R$ 10 são referentes aos focos de dengue. A CPPA também pode levar outra multa por manter um matagal na calçada. 

A direção da unidade não se manifestou sobre os problemas encontrados durante a vistoria.

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