Candidatos não eleitos ao cargo de conselheiro tutelar de Araguaína denunciaram ao Ministério Público Estadual (MPE) supostas irregularidades que teriam ocorrido durante as eleições no último domingo (6).
A denúncia cita, entre outros pontos, transporte ilegal de urnas de um colégio para outro já durante o período de votação, mudança de zonas eleitorais sem aviso prévio aos eleitores e distribuição de quatro urnas em locais errados, prejudicando a votação e os candidatos. Eles pedem que a eleição seja anulada.
"Temos casos de eleitores que foram aos locais de votação conforme a publicação, mas chegando lá não tinha a sessão eleitoral dele. Alguns eleitores passaram por três a quatro colégios, exatamente nas extremidades de Araguaína, e muitos estavam a pé. Tivemos um caso em que o eleitor chegou às 10h40 e falaram que não poderia mais votar porque a urna seria lacrada e enviada para o Colégio Ademar Vicente Ferreira, e só abriria depois das 13h", disse Arisneide Xavier.
Conforme a candidata, um veículo da Prefeitura também teria sido usado para fazer o transporte de eleitores.
"Eles feriram todos os princípios da Constituição: lacraram uma urna durante a eleição e a transportaram de um colégio para outro sem nenhuma fiscalização. Quem garante que a urna não foi violada? Quem garante que a mesma quantidade de votos que estava em um colégio permaneceu no outro? Houve mudança de local de votação sem que os eleitores soubessem. Onde está a isonomia? Também recebemos denúncia de quem um carro da Prefeitura estava transportando eleitores. Sabemos que filhos e parentes de servidores eram candidatos ao cargo", declarou.
Segundo a denúncia, também foram identificados erros na apuração dos votos. Uma candidata disse que estava empate na 10º colocação entre os suplentes e de repente perdeu sua posição. "Até esta terça-feira (09) a candidata estava empatada comigo, mas da noite para o dia ela apareceu com 625 votos e eu continuo com 622 votos. Quero saber como apareceu esses três votos", Sandra do Raizal.
Já o candidato Raimundo Cardoso, atual conselheiro tutelar por dois mandatos, solicitou a recontagem dos seus votos alegando uma diferença entre as listas apresentadas ao final da votação. Ele também denunciou abuso de poder político, econômico e religioso. "Os três primeiros colocados foram apresentados em grupos religiosos em igrejas e tiveram apoio de vereadores, fazendo com que a concorrência fosse desleal", diz.
Cardoso afirma que era proibido fazer campanha dentro de igrejas, segundo Resolução do CONANDA nº 170/2014. Ele já protocolou uma representação no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA).
O que diz o CMDCA
"O Conselho Municipal de Defesa da Criança e Adolescente (CMDCA) informa que algumas zonas eleitorais numerosas tiveram sessões divididas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) entre os locais de votação. A desagregação foi rapidamente solucionada com a realocação das urnas para o local previsto, com orientação do TRE. Durante o período de realocação foram disponibilizados veículos para deslocar os votantes até às escolas onde estavam suas respectivas seções e, assim, manter as intenções de voto.
Sobre a apuração dos votos, o CMDCA comunica que todo o processo foi acompanhado e fiscalizado por um representante do Ministério Público. A contagem manual dos votos foi realizada por duas vezes para manter a clareza do processo e a recontagem não alterou o resultado dos eleitos como conselheiros titulares. Os comprovantes de votação estão disponíveis para recontagem e qualquer pessoa pode interpor recurso contra a votação e apuração até esta quarta-feira, dia 9".