O Demonstrativo das Aplicações e Investimentos dos Recursos do Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev), mostra que o órgão garantidor das aposentadorias dos servidores públicos possui quase R$ 1 bilhão aplicados de forma irregular. A informação consta em documento encaminhado ao Ministério da Previdência Social no último dia 29 de setembro.

Conforme o demonstrativo, o Instituto desrespeitou o limite máximo previsto em lei nas aplicações em pelo menos nove fundos. Isso significa que aplicou mais dinheiro do que era permitido em lei e, se o fundo quebrar, os servidores do Tocantins vão arcar com os maiores prejuízos entre todos os credores.

O Igeprev deveria aplicar até 25% do patrimônio líquido de cada fundo, mas em alguns casos esse percentual chegou a 100%, ou seja, o único investidor, como no fundo Incentivo FI Referenciado CDI, com valor total de R$ 35 milhões, administrado pela instituição financeira Gradual.

O Tocantins também é o único cotista do fundo Onix, onde aplicou mais de R$ 272 milhões. O que chamou a atenção do Ministério da Previdência foi que esse fundo é administrado pelo grupo NSG, que já detém 15% dos recursos do Igeprev. Segundo os auditores, o fundo Onix foi criado apenas para sanar irregularidades do Igeprev, dois meses após a auditoria do MPS no Instituto. 

No total, as aplicações irregulares somam  R$ 852.983.636,48.  No fundo Eco Hedge, administrado pelo Santander, o Igeprev tem 77,15% do patrimônio, com uma aplicação de R$ 128,2 milhões.

Apenas com a instituição financeira BNY Mellon, o Igeprev possui participação de 48,48% do patrimônio líquido dos fundos Leme Brasprev;  FI Diferencial, 36,95%; Vitória Régia, 59,24%; e Golden Tulip, 29,11%, que somam R$ 205,1 milhões. A BNY Mellon é investigada por aplicações irregulares envolvendo o Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios.

O Igeprev também está desenquadrado em dois fundos de investimento administrados pelo BRL Trust: FI RF IMA-B Eslovênia, com participação de 31,31%, e FI RF Ipiranga, 27,36%. Os dois fundos somam R$ 70,3 milhões.

No FI Multimercado, administrado pela NSG Capital, o Igeprev soma uma aplicação de R$ 414,2 milhões, 46,05% do patrimônio do fundo e 12,60% dos recursos do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores do Estado. O Igeprev investe no fundo através da Brasil Foodservice Group (BFG), dona da rede restaurantes Porcão, na qual é acionista majoritário. A BFG controla 70% do patrimônio do fundo.

As informações são do Jornal do Tocantins, desta quinta-feira (09).

Prejuízos

Pelo cálculo do Ministério da Previdência, o Tocantins já perdeu mais de R$ 140 milhões nas seguintes empresas: Fundo de Investimento Renda Fixa Elo, Advinvest Top Fundo de Renda Fixa, Vitória Régia Fundo de Renda Fixa, Fundo de Investimento Diferencial, Fundo Roma Previdenciário e Patriarca Equity.

O prejuízo aconteceu porque os fundos tinham títulos no Banco BVA que quebrou e passou por intervenção do Banco Central.