
Um incêndio na região da Ilha do Bananal já queimou 64 quilômetros quadrados de área na Mata do Mamão, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). Os focos estão espalhados onde ficam o Parque Nacional do Araguaia e terras indígenas de quatro etnias. Com apoio de satélite, as equipes monitoram o incêndio em tempo real nos locais onde antes não havia internet.
"Antes a gente vinha para um lugar desse e ficava sem comunicação. Tínhamos que nos deslocar para locais a 30 km daqui [acampamento]. Vizinhos e pessoas de fora da instituição nos forneciam internet para que a gente pudesse passar informação para o posto de comando. Ela [internet] deu um salto nesse tempo de resposta da comunicação", explicou o brigadista do Prevfogo Sávio Lima.
Os primeiros focos de incêndio foram registrados no dia 10 de julho na Mata do Mamão. As autoridades investigam se o incêndio tem origem criminosa.
Como a área é de difícil acesso, os helicópteros ajudam no deslocamento e os brigadistas abrem corredores no meio da floresta, chamados de linhas de defesa. Um dos principais desafios das equipes é que as chamas atingem regiões degradadas, que ainda não foram recuperadas do incêndio no ano passado, facilitando a propagação do fogo.
Em 2023, a Ilha do Bananal foi atingida por um incêndio que levou mais de um mês para ser controlado. Na época, o fogo consumiu mata nativa onde vivem indígenas isolados.
A Justiça Federal havia proibido a circulação de pessoas na Mata do Mamão em 2019, após aparecerem indícios da existência de indígenas isolados. Apesar da determinação, operações de órgãos ambientalistas identificaram a presença de caçadores e pescadores ilegais, além de rebanhos bovinos.
O coordenador do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Bruno Cambraia, explica que a seca que dura há quase seis meses na região também dificulta o trabalho dos brigadistas, já que a chuva deve cair só em outubro.