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Justiça manda leiloar carros de luxo e bens da influenciadora Karol Digital

Decisão judicial autoriza leilão de bens de luxo apreendidos de Karol Digital, investigada por lavagem de dinheiro

Investigação apontou que Karol Digital adquiriu carros de luxo.
Foto: Reprodução Instagram Karol Digital/Divulgação Polícia Civil

A Justiça determinou, na última sexta-feira, 12, a alienação antecipada de bens de alto valor apreendidos da influenciadora Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital. Ela foi presa em 22 de agosto, durante a Operação Fraus, deflagrada pela Polícia Civil, e deixou a unidade penal em 28 de novembro, passando a cumprir prisão domiciliar.

A decisão que autoriza o leilão dos bens é do juízo da Comarca de Araguaína e se baseia nas investigações realizadas pela equipe da 1ª Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC – Palmas). Karol Digital é suspeita de integrar um esquema de lavagem de dinheiro e uma organização criminosa que teria movimentado R$ 217 milhões.

Veículos de luxo e outros bens serão leiloados

A ordem judicial autoriza a venda, por meio de leilão, de veículos de luxo, entre eles uma McLaren Artura, avaliada em cerca de R$ 3 milhões, e um Porsche, com valor estimado em R$ 979 mil. A decisão também prevê o leilão de maquinário agrícola, equipamentos eletrônicos e outros ativos.

Segundo a decisão judicial, a medida tem como objetivo evitar a deterioração e a desvalorização do patrimônio apreendido.

Risco de depreciação motivou a decisão

A medida foi adotada após análise de representações e relatórios técnicos apresentados pela Polícia Civil, por intermédio da 1ª DEIC de Palmas. Conforme consta no processo, os bens estavam sob custódia do Estado, mas a depreciação e a impossibilidade de realização de manutenções poderiam gerar prejuízo irreversível ao interesse público e comprometer o resultado útil do processo penal.

Investigação aponta ostentação incompatível com renda

As investigações apontam que a influenciadora digital Karol Digital utilizava sua visibilidade nas redes sociais onde seu perfil no Instagram possui mais de 1 milhão de seguidores para ostentar um padrão de vida incompatível com a renda formal declarada, ao mesmo tempo em que movimentava valores expressivos por meio de empresas e pessoas interpostas.

Durante a apuração, foram apreendidos veículos de luxo avaliados em milhões de reais, máquinas agrícolas, aparelhos eletrônicos de alto valor, joias e semoventes, todos considerados instrumentos ou produtos de atividades ilícitas.

Relatórios técnicos reforçaram necessidade de alienação

Relatórios elaborados pelo Núcleo de Recuperação de Ativos da Polícia Civil (NURAT) demonstraram que a manutenção prolongada desses bens em depósitos públicos expunha os ativos a riscos concretos de deterioração, depreciação acelerada e obsolescência.

Com base nessas constatações técnicas, o delegado titular da 1ª DEIC, Wanderson Queiroz, representou ao Poder Judiciário pela reconsideração da primeira decisão, que havia negado a alienação antecipada. A medida está prevista na legislação processual penal e na Lei de Lavagem de Dinheiro.

Diferentemente do perdimento, que depende de condenação definitiva, a alienação antecipada possui natureza cautelar e visa preservar o valor econômico dos bens, convertendo-os em recursos financeiros que permanecem depositados em conta judicial até o desfecho da ação penal.

Decisão judicial destaca eficiência e proteção do patrimônio público

Ao acolher o pedido de reconsideração, o juiz destacou que a destinação adequada dos bens apreendidos atende aos princípios da eficiência, da economicidade e da proteção do patrimônio público. A decisão ressaltou que a demora natural do processo penal não pode resultar na perda do valor dos ativos, sobretudo quando já demonstrada a dificuldade de manutenção e o risco concreto de desvalorização.

Atuação integrada no combate à criminalidade financeira

A atuação integrada entre Polícia Civil, Ministério Público e Poder Judiciário tem sido apontada como um dos principais avanços no combate à criminalidade financeira no Tocantins. Atingir o patrimônio ilícito é uma das formas mais eficazes de enfraquecer organizações criminosas, retirando delas a capacidade econômica de continuar operando e de corromper estruturas públicas e privadas.

Bens permanecerão à disposição da Justiça

Com a decisão, os bens apreendidos serão avaliados e levados a leilão judicial, e os valores arrecadados permanecerão à disposição da Justiça.

O delegado Wanderson Queiroz comemorou a decisão e destacou:

“O caso reforça a importância da persecução patrimonial como instrumento estratégico no enfrentamento à lavagem de dinheiro e evidencia um Judiciário atento à necessidade de gestão eficiente dos ativos apreendidos, em sintonia com o trabalho técnico desenvolvido pela Polícia Civil do Estado do Tocantins.”