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Mãe conta aflições de fazer cesariana às pressas com sete meses após contrair covid

Assistente administrativa Adriane Araújo, de 35 anos, é a primeira personagem da série de entrevistas em homenagem ao Dia das Mães.

Adriane deixou uma mensagem de fé e motivação na luta pela vida
Foto: Marcos Sandes/Ascom

A Prefeitura de Araguaína, em homenagem ao Dia das Mães, inicia a série de entrevistas "Mães que vencem". O objetivo é mostrar histórias reais de superação vividas por mães araguainenses diante da covid-19. A primeira personagem é a assistente administrativa Adriane Araújo, de 35 anos, casada, mãe de dois filhos e que passou pela experiência de contrair a doença aos sete meses de gravidez. Ela conta como foi fazer às pressas uma cesariana, ser internada na UTI (unidade de tratamento intensivo) e ficar 21 dias sem ver o filho pela primeira vez.

Dias antes do parto, realizado em fevereiro deste ano, Adriane começou a sentir dores no corpo, principalmente nas costas, quando  o assunto principal era o avanço da pandemia e o aumento do número de casos de covid-19 em Araguaína. Ela conta que não ficou preocupada com os sintomas, pois acreditou que fossem devido ao tempo de gravidez e realizou exames para descartar outras doenças.

Como os exames iniciais deram negativos e o mal-estar persistia, uma febre inesperada foi o gatilho que ela precisava para Adriane procurar o atendimento médico. Foi atendida na UBS (unidade básica de saúde) e logo em seguida encaminhada à unidade de referência para realização do exame de covid-19. “Tirei sangue e fui orientada a retornar para casa. Três dias depois recebi ligação da Vigilância Epidemiológica informando que o exame deu positivo”.

O susto

Além das dores, a assistente administrativa começou a sentir muita falta de ar. O marido, o eletricista Izaíres Saraiva, 38 anos, preocupado, levou Adriane para a maternidade. Imediatamente, ela foi internada e colocada em isolamento para observação.

Em minha cabeça, eu seria medicada e retornaria para casa, ainda não era chegada data do parto. Foi uma surpresa quando, na noite seguinte à internação, os sintomas se agravaram e comecei a sentir muita falta de ar, a tossir e me informaram que eu seria encaminhada para a UTI, aí eu me desesperei”, desabafou a mãe.

Depois do susto inicial, a equipe multidisciplinar do hospital, incluindo psicólogo, explicou que não se tratava de agravo no quadro de covid-19. Nesse caso, eram apenas necessários cuidados com a mãe e o bebê diante de um parto prematuro e suas possíveis complicações. Para preservar a integridade dos dois, foi necessário realizar uma cesariana. 

Adriane relatou sobre sua reação ao saber do parto prematuro. "Parto? Não! Ainda não chegou a hora, estou com apenas sete meses de gestação, ainda nem comprei o enxoval! Chorei bastante, desabei, mas depois, aos poucos, com apoio de psicólogo e demais profissionais de saúde, a ficha caiu".

Maior medo

Naquele momento, meu maior medo era vir a óbito, tive notícias de mães que não voltavam da UTI, de muitas crianças que saíram da maternidade sem as mães. Comecei a pensar: 'Meu Deus... e meu filho e meu marido que ficaram em casa? E esse bebezinho que está para nascer? Quem irá cuidar deles?'”, confessou a mãe, preocupada também com o filho mais velho, Isaías Neto, de apenas 1 ano e 9 meses.

Adriane descreveu outro momento de apreensão, maior que o primeiro, foi quando a equipe trouxe um tablet e disse para ela fazer uma ligação para o esposo. "Chorei muito, pois achei que seria a última ligação, a ligação de despedida".


Após o parto, a mãe ficou hospitalizada mais nove dias e o pequeno Ravi Saraiva permaneceu internado 21 dias na UTI neo natal, devido aos órgãos não estarem completamente formados e a uma infecção no pulmão.

Mensagem para outras mães

Muito religiosa, Adriane agradeceu a Deus e a todas as pessoas que oraram por ela. Deixando uma mensagem de fé e motivação na luta pela vida, ela afirma que o apoio da família, profissionais qualificados, a união e a torcida de todos a sua volta deram força em momentos tão difíceis.

“Tirei forças de onde não tinha porque sabia que outras pessoas precisavam de mim... Primeiro devemos pensar na família, ela é nosso maior bem, através dela que a gente tem força, garra, que vai atrás e nunca desiste. Acreditar que Deus nos dá força em todos os momentos da nossa vida, principalmente naqueles que as coisas saem das suas possibilidades. Entregue nas mãos de Deus que Ele consegue fazer aquilo que a gente não consegue”, finalizou.