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Mitos sobre a sexualidade feminina que ainda persistem

Veja como desmistificar alguns tabus e naturalizar o prazer das mulheres

O autoconhecimento é fundamental para que a pessoa descubra o que mais o/a estimula sexualmente.
Foto: Ilustrativa

Ao ganhar cada vez mais espaço nos últimos tempos, o Movimento Feminista levanta questões sobre o modelo de educação a que mulheres e homens são submetidos e como ele gera as desigualdades entre os dois grupos.

Se há um século era impensável que as mulheres votassem ou exercessem cargos de chefia em empresas, aos poucos, essa realidade vai se tornando mais comum em diferentes países. 

Mesmo com todos os avanços, quando o tema é a sexualidade feminina, muitos tabus ainda permanecem. Além da repressão sexual que marcou mulheres em várias partes do mundo, a falta de diálogo e o desconhecimento sobre o corpo feminino consolidam esses tabus e dificultam a fruição de uma vida sexual plena não só para mulheres, mas também para homens.

Afinal, sexo não é só sobre o corpo de cada pessoa, mas também sobre a troca estabelecida. Confira como desmistificar alguns desses tabus e naturalizar o prazer feminino.

“Hímen é sinal de virgindade”

O pênis não é a única coisa que pode romper um hímen. Essa membrana, localizada na entrada da vagina, pode ser rompida por quedas de bicicleta, por exemplo. Além disso, a ideia de que o hímen é sinal de virgindade também é errônea, pois existem mulheres cuja vida sexual não é pautada por penetração. Logo, essas mulheres podem manter o hímen mesmo após o início de sua vida sexual.

“Mulher só transa se estiver envolvida emocionalmente”

O sexo não é só uma possibilidade de conexão e intimidade, mas também uma necessidade fisiológica. Todas as pessoas possuem necessidades sexuais, incluindo as mulheres. Há transas em que o sexo vem acompanhado por amor, mas isso não é regra e haver ou não amor não deve ser impeditivo para a mulher ter relações sexuais. A condição para qualquer relação é o consentimento e o cuidado mútuo.

“Grávidas não apresentam desejo sexual”

Os altos níveis de progesterona durante a gravidez diminuem a lubrificação vaginal, provocam dor nas mamas e podem reduzir a libido da mulher. Por outro lado, é também na gravidez que a vulva fica hipervascularizada e pode se excitar mais facilmente, o que pode gerar orgasmos mais intensos. E, segundo um estudo da Universidade de Passo Fundo, embora haja mais preocupação com o bebê durante o sexo, as mulheres relataram se satisfazer mais rapidamente em comparação ao período anterior à gravidez.

Por isso, estar grávida não implica abstinência sexual. A queda da libido feminina depende de múltiplos fatores que não se reduzem a hormônios, tais como cansaço físico, ansiedade e dificuldade em encontrar posições confortáveis para a transa. Por isso, é essencial conversar com a parceira e verificar o que ela sente e o que prefere fazer naquele momento.

“O desejo das mulheres aparecem espontaneamente”

No que se refere ao desejo sexual, a diferença entre homens e mulheres se refere ao estímulo a que cada um deles é submetido ao longo da vida. Enquanto os homens são incentivados desde pequenos a buscarem revistas e vídeos sobre sexo, as mulheres são educadas a preservarem a virgindade como se essa fosse um “tesouro”. 

O autoconhecimento é fundamental para que a pessoa, homem ou mulher, descubra o que mais o/a estimula sexualmente. Por falta de prática, há mulheres que ainda têm dificuldades em saber o que estimula a sua libido: vibradores, filmes, roupas provocantes, músicas, etc. A masturbação é também fundamental para conhecer o próprio corpo e explorar novos meios de sentir prazer. O desejo é um hábito que deve ser estimulado, de modo a tornar a mulher ciente dos fatores que a excita.

“A vida sexual da mulher acaba após a menopausa”

Diferentemente do que diz o senso comum, a mulher em menopausa pode ter uma vida sexual plena. Nessa etapa da vida, a mulher tem mais experiência e mais autoconhecimento. Se ela é mãe, no momento da menopausa, os filhos já cresceram, o que lhe deixa mais tempo livre para investir na sua vida sexual. Se o sexo não rola muito nessa fase, é preciso conversar com o/a parceiro(a) para verificar o que não está funcionando e buscar caminhos para elevar a libido. Dependendo da duração do problema, pode ser preciso procurar algum(a) profissional de saúde para verificar o caso.

“Mulher tem mais dificuldades para chegar ao orgasmo” 

Diferentemente do homem, a mulher possui um órgão voltado exclusivamente para o prazer: o clítoris. Ele possui cerca de 8 mil feixes de nervos — o dobro daqueles encontrados no pênis. Apesar de a parte visível do clítoris ter, em média, 2 centímetros, esse órgão pode ter até 10 centímetros de comprimento de cada lado da glande, na parte interna da vagina. 

Mesmo com esse arsenal, a pesquisa Transtornos Sexuais Dolorosos Femininos, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que 55% das brasileiras não atingem o orgasmo durante o sexo. É verdade que o prazer sexual e o orgasmo são experiências que podem variar de uma pessoa para outra, mas não é falta de recursos biológicos que explicam isso. A falta de conhecimento sobre o próprio corpo, aliada a fatores emocionais como estresse, insegurança e ansiedade, além do desinteresse do(a) parceiro(a), são fatores decisivos para explicar esse quadro.