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MPTO lança campanha "Ouça, Acolha, Denuncie", contra abuso sexual de crianças e adolescentes

Ministério Público do Tocantins lança ação "Ouça, Acolha, Denuncie" para conscientizar sobre o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.

“Ouvir, neste contexto, transcende o ato de escutar palavras; significa estar presente, observar, criar um ambiente de confiança” – Sidney Fiore Júnior Divulgação/MPTO
Foto: Divulgação/MPTO

O Ministério Público do Tocantins (MPTO) lançou a campanha alusiva ao 18 de Maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Com o mote "Ouça, Acolha, Denuncie", a iniciativa busca conscientizar e mobilizar a sociedade tocantinense sobre a importância de proteger os direitos infantojuvenis e combater todas as formas de violência sexual.

A campanha é realizada com apoio dos municípios de Palmas, Araguaína, Gurupi e Porto Nacional, garantindo ampla divulgação por meio de rádios, TVs locais, outdoors e busdoors. O objetivo é alcançar o maior número possível de pessoas, reforçando a mensagem de que a proteção de crianças e adolescentes é uma responsabilidade coletiva.

Importância da escuta

O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação do MPTO (Caopije) e promotor de Justiça, Sidney Fiore Júnior, destaca a importância da escuta:

“Como promotor que lida com a dura realidade do abuso e exploração sexual infantojuvenil, afirmo com convicção: a escuta atenta e sensível é a primeira e mais crucial linha de defesa que podemos oferecer às nossas crianças e adolescentes”.

Segundo ele, em muitos casos, a vítima não consegue verbalizar claramente o horror que vive. O pedido de ajuda pode vir em forma de um comportamento diferente, um medo inexplicado, um desenho ou um silêncio prolongado.

“Ouvir, neste contexto, transcende o ato de escutar palavras; significa estar presente, observar, criar um ambiente de confiança onde a criança ou o adolescente se sinta seguro para expressar sua dor, mesmo que de forma hesitante ou indireta”, explica.

Ele alerta ainda que ignorar esses sinais, minimizar um relato ou julgar a vítima significa fechar a porta para a única chance que ela pode ter de romper o ciclo de violência:

“A escuta possibilita o passo seguinte do acolhimento e, consequentemente, a denúncia que levará à responsabilização e à proteção efetiva".

Números que preocupam

De acordo com o site da Secretaria de Segurança Pública do Tocantins, até o dia 29 de abril de 2025, foram registrados 194 boletins de ocorrência de estupro de crianças de 0 a 13 anos. Palmas lidera o triste ranking com 26 casos, seguida de Araguaína (22), Paraíso do Tocantins (11) e Porto Nacional (10).

A grande maioria das vítimas (158) são do sexo feminino; 23 do sexo masculino, e em outros 13 casos o sexo não foi revelado. Apesar dos números altos, houve uma redução de cerca de 30% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 224 casos.

Foco na escuta ativa e no acolhimento

A campanha "Ouça, Acolha, Denuncie" busca criar um ambiente seguro para que crianças e adolescentes possam pedir ajuda. As peças gráficas, com forte apelo visual e emocional, destacam três eixos centrais:

  • Ouça: A importância de dar atenção genuína às falas e comportamentos de crianças e adolescentes.

  • Acolha: Validar o que foi dito, oferecendo apoio sem julgamentos.

  • Denuncie: Levar o caso às autoridades competentes para medidas de proteção. Os canais oficiais são: Disque 100 (anônimo e nacional) e o 127 (Ouvidoria do MPTO).

As mensagens são direcionadas a públicos estratégicos, como familiares e professores, que podem perceber sinais como mudanças de comportamento, isolamento, medo e evasão escolar, e atuar com responsabilidade diante da suspeita de abuso.

18 de Maio

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi instituído pela Lei Federal nº 9.970/2000. A data remete ao caso de Araceli Cabrera Sánchez Crespo, menina de 8 anos sequestrada, violentada e assassinada em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES). O crime segue impune, mas tornou-se símbolo da luta por justiça e proteção infantojuvenil.

Um chamadoà ação

A campanha é um chamado à ação para toda a sociedade tocantinense. Proteger crianças e adolescentes exige vigilância, sensibilidade e coragem para romper o silêncio. Se você souber ou suspeitar de qualquer caso de abuso ou exploração sexual, disque 100 ou ligue para o 127. Sua denúncia pode salvar vidas.