Fernando Almeida e Ramila Macedo
Em entrevista na manhã desta quinta-feira, 09, Ângela Peres da Silva (19 anos), companheira do caseiro João Batista Lopes Freitas (28 anos), assassino confesso do casal de empresários araguainenses, contou como era sua convivência durante 1 ano e 8 meses ao lado do esposo e relatou detalhes dos momentos que antecedessarm e precederam ao crime. Ângela descreve João como um homem reservado, disse que não conhecia familiares e que ele falava pouco da vida pessoal, apenas uma vez confessou que havia matado a ex-esposa.
A companheira também confidenciou à imprensa que João (esposo) é um homem possessivo e violento, mas justificou que não o deixava com medo das ameaças. “Muitas e muitas vezes ele já apontou a arma pra minha cabeça, já me ameaçou. Ele me ameaça direto. Meus pais já presenciaram ele me ameaçando, ele já chegou a botá a arma na minha cabeça.”
O plano e as tentativas frustradas
Em relação ao crime do casal de empresários no dia 23 de dezembro de 2013, Ângela Peres disse que consentiu com o plano de matar os dois (Demerval e Elenir) para fugir com a caminhonete e mudar de vida. No entanto, ela alega ter se arrependido após a terceira tentativa e culpou o caseiro pela decisão final. “Porque no início, quando ele me proprois eu aceitei. Aí quando eu resolvi não fazer mais, ele já tinha saído pro serviço com o senhor, com o senhor Demerval.
Ângela relatou que após João Batista matar o empresário Demerval, ela se arrependeu e não queria mais que matasse dona Lenir. “Aí ele falou, ‘se eu fiz, então eu tenho que terminar. E se você fugir, tentar mentir, eu te mato e depois me mato’. Aí eu falei – pois pronto. Pois faça. Só que eu não tenho nada a ver com isso. Ele falou ‘mais você é cúmplice, que você tava aqui no dia.’”
Ela também explicou que durante a noite de sexta e sábado foram duas tentativas frustradas e por isso queria desistir. “Quando foi no sábado que não deu certo. Aí eu falei. – Humbora desistir. Porque se não deu certo na primeira, se não deu certo na segunda, na terceira não vai dar certo”. No entanto, segundo Ângela, o caseiro estava resignado. “Mais ele falou, ‘Nãm! Vamu tentar no domingo?’. No domingo ele tentou três vezes. Nas três vezes que ele tentou, aí ele conseguiu. Aí ele falou ‘Nãm eu matei os dois. E aí?! O que que tu vai fazer?’ Aí eu falei – o que que eu vou fazer?! Quando você for incriminado eu vou ser também”.
Companheiro psicopata
Durante a entrevista, a companheira do caseiro, sem olhar para ele, descreveu a convivência ao longo de 1 anos e oito meses. “Ele nunca chegou a comentar nada da vida pessoal. Eu não conheço a mãe, o pai dele, ninguém da família dele.” Porém, ela revelou uma de suas poucas confissões. “Eu sabia de uma vez que ele me disse que matou a ex-mulher dele. Porque tinha traído ele. Disso eu sabia.” Ao avaliar todos os fatos, Ângela definiu em poucas palavras o perfil de João. “Esse homem é um psicopata. Esse homem não é gente não”.
A cilada e a fuga
Segundo as investigações, o caseiro armou a cilada para matar o casal. Ele desligava o disjuntor da energia à noite para Demerval ir até o padrão. Na terceira noite (domingo 23/12/13 por volta das 21h30), João matou a pauladas o empresário, depois foi até dona Lenir e disse a ela que Demerval havia sentido mal e estava caído. Ela pegou álcool e foi até o local onde o esposo estava caído, no mato, ao se abaixar para acudi-lo, foram desferidos dois golpes na cabeça dela. Após a morte, o caseiro e a esposa pegaram os corpos, colocaram na carroceria da caminhonete e enterraram nas margens do córrego. Três horas depois fugiram da fazenda levando o veículo e João, mesmo sem habilitação, dirigiu cerca de 200 km até a cidade de Imperatriz (MA). Para despistar a Polícia ele deixou um bilhete afirmando ter fugido por causa de ameças que estava sofrendo.
Outras acusações de assassinato
João também responde processo por ser acusado de matar o próprio filho recém -nascido (um mês de idade) em Governador Valadares (MG). Segundo a acusação, ele tinha ciúmes do filho com a própria mãe e ao espanca-lo, colocava pano na boca e aumentava o volume do som para os vizinhos não ouvirem o choro da criança. O bebê morreu sufocado. João também é acusado de matar um jovem para roupar uma noto na cidade natal, Novo Repartimento (PA). Ele nega os dois crimes. Em relação ao assassinato da ex-esposa, relatado pela atual companheira, nem João Batista e nem a polícia comentaram.
Reconstituição do crime
Segundo o delegado que preside o inquérito, será feita a reconstituição do crime, mas ainda não há data definida. “Assim que tiver as condições climáticas semelhantes a da noite em que o crime ocorreu, vamos fazer a reconstituição no mesmo horário,” adiantou o delegado José Rerisson.
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