Um ano após a tragédia que tirou a vida da esposa e da filha de apenas três anos, o único sobrevivente do desabamento da ponte de Estreito, Jairo Rodrigues, de 37 anos, afirmou que a dor permanece insuperável. Em vídeo divulgado nesta terça-feira, 22 data que marca a inauguração da nova estrutura ele lamentou que, apesar da obra ter sido reconstruída em tempo recorde, as famílias das vítimas seguem sem amparo.
Morador de Tucuruí (PA), Jairo atravessava a ponte JK com a família no momento do desabamento. O carro em que estavam caiu no rio Tocantins. Ele foi arremessado para fora do veículo, socorrido e encaminhado ao hospital com fratura na perna direita.
Morte da esposa e da filha
A esposa de Jairo, a enfermeira Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos, e a filha, Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos, submergiram nas águas e morreram afogadas. Os dois corpos, assim como o veículo, foram retirados do rio posteriormente. Um ano depois, Jairo voltou a falar publicamente sobre a tragédia.
“Eu sou Jairo [sobrevivente] da tragédia da ponte. E hoje faz um ano que perdi minha filha, minha esposa. Continuo chorando, era tudo que eu tinha na minha vida. Essa hora a gente estava almoçando lá em Brejão. (...) Nossos últimos momentos em família”, relembrou, emocionado.
Inauguração da ponte e críticas às autoridades
Enquanto a nova ponte era inaugurada nesta segunda-feira, 22, Jairo viveu o dia de forma distante das celebrações. A tragédia deixou 14 mortos e outras três pessoas desaparecidas. Segundo ele, houve empenho para reconstruir a estrutura, mas faltou assistência às famílias atingidas pelo desabamento.
“E hoje estão inaugurando a ponte. Vai voltar a funcionar a ponte. E nada foi feito pelas famílias que perderam. A gente que perdeu tantas famílias lá, nunca foi feito nada. É muito fácil a ponte, trabalharam o ano inteiro para botar a ponte para funcionar. Justamente no mesmo dia que aconteceu essa tragédia”, afirmou.
Perdas irreparáveis
Sem motivos para comemorar, Jairo destacou que nenhuma obra é capaz de reparar as vidas perdidas. “Minha família que não volta mais, minha esposa, minha filha. Tem outras famílias... Não faz diferença, parece. O importante é só a ponte voltar a funcionar. As famílias que perderam ente queridos lá não voltam mais. (...) A gente não tem mais a nossa vida de volta.”
Vida após a tragédia
Jairo contou ainda que, após o desabamento, não conseguiu mais morar na casa onde vivia com a esposa e a filha e passou a morar com a mãe.
“Eu não consigo voltar para minha casa. (...) Hoje estão inaugurando a ponte e nunca fizeram nada pela gente que perdeu nosso ente, nossas famílias lá naquela tragédia”, lamentou.
Ele também ressaltou que a ponte era antiga e que o tráfego nunca foi interrompido para a realização da manutenção necessária.

Nota do DNIT
Com relação a chamada sindicância instaurada pela autarquia para apurar as causas do desabamento da ponte da BR-226/MA/TO, o DNIT esclarece que foi aberta na Corregedoria uma Investigação Preliminar Sumária (IPS). A investigação visa a elucidação das responsabilidades da queda e, como ainda está em andamento, não é possível antecipar detalhes do trabalho.
Nota da Polícia Federal
A Polícia Federal informa que o inquérito instaurado para apurar as causas e eventuais responsabilidades pelo colapso da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, ocorrido em 22 de dezembro de 2024, segue em andamento.
As perícias de engenharia e ambiental realizadas pela Polícia Federal já foram concluídas, e outras diligências estão em curso. Até o momento, não houve indiciamentos ou prisões relacionadas ao caso.
O colapso da estrutura permanece sob apuração, e não há previsão para a conclusão do inquérito.
Finalizadas as investigações, os autos serão encaminhados à Justiça Federal.

