Motivo de orgulho a todos os tocantinenses, o cenário paradisíaco do Jalapão começou a ser divulgado na nova novela brasileira, O Outro Lado do Paraíso. Além das dunas, do fervedouro e da pedra furada, uma líder religiosa tocantinense está sendo representada por ninguém menos que Fernanda Montenegro, grande dama do teatro nacional e única atriz brasileira indicada ao Oscar. Na novela, a personagem sensitiva organiza mantimentos, livros, água, roupas e objetos que poderão ser usados após uma catástrofe mundial, originada pelo reordenamento do eixo do planeta, onde restarão poucos lugares no mundo, sendo um deles, o Tocantins.

Nascida na região do sítio Jacuba, município de Natividade, no sudeste do Estado, Romana Pereira da Silva, de 77 anos, mãe de seis filhos, desde a década de 1970 preparava produtos fitoterápicos conhecidos como garrafadas medicinais. O dom do manejo de plantas, ela aprendeu com os pais. Mas foi na década de 1980 até o ano de 1997 que ela recebeu a licença astral, para receber mensagens e orientações de entidades espirituais e de energias terrestres e extraterrestres.

De acordo com a vidente, as mensagens a orientavam a armazenar água, sementes, livros, objetos domésticos, utensílios, além de construir em sua propriedade estátuas, torres, tudo para preparar a humanidade para uma hecatombe eminente. De voz calma, porém firme, Dona Romana como é conhecida garante que cada ser vivo, rocha ou planta tem sentimentos e pode se comunicar. "Tudo é vivo. As árvores, as águas, as pedras e as rochas. Tudo tem a sua voz e tudo fala", argumentou. Com a divulgação da novela, Dona Romana desconversa a proximidade da personagem na ficção com sua vida. Durante entrevista a um jornal local, ela aceitou a escolha de Fernanda Montenegro e afirmou ser irrelevante o fato da grande dama ser branca e a líder religiosa, negra. "Tudo foi determinado", argumentou.

Objeto de pesquisa e inspiração para três documentários e centenas de reportagens, a líder espiritual afirma que nem chegou a ver o último filme produzido em sua homenagem. Sobre as construções exóticas instaladas em sua propriedade, ela garante que cada uma delas tem um significado e motivo de existir. O local é motivo de peregrinação não só de visitantes e turistas, como também pessoas sensitivas de todas as partes do mundo.

Utilizando pedra, areia, cimento, espelhos e plástico, cada peça possui uma relação espiritual. "Tem peças grandes que eu construo facilmente. Já têm outras que são pequenas, mas a energia que vem é tão grande que é preciso dias para ser finalizada", argumentou. Vivendo de doações, ela afirma nunca ter se aposentado. "Eu lá vou querer aquilo? Enquanto puder trabalhar eu vou trabalhar", ressaltou.