Em um trabalho de pesquisa recém publicado e que durou quase três anos de estudos, pesquisadores registraram 235 espécies de aves no Campus da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins – EMVZ em Araguaína, norte do Tocantins. O estudo foi conduzido por Wanieulli Pascoal, Silionamã Dantas e Ludmilla Weber, Caroline Duks e está publicado na revista científica Atualidades Ornitológicas, edição 189, periódico especializado neste tipo de publicação.
A área de estudo tem aproximadamente 1110 hectares e está dividida entre áreas com pastagens, áreas alagadas, campo sujo e fitofisionomias florestais (floresta ombrófila e mata ripária). Segundo os autores, esta diversidade de ambientes possibilita a ocorrência de uma grande variedade de espécies de aves, conforme foi evidenciado no artigo e que no presente estudo representa mais de 37% das aves já conhecidas para o Estado Tocantins.
“A área da EMVZ da Universidade Federal do Tocantins tem grande importância para a conservação das aves tocantinenses, visto que a localidade faz parte de um grande bloco de vegetação nativa ainda em bom estado de conservação, tendo grande potencial para nos revelar algumas surpresas ornitológicas”, explica o biólogo Wanieulli Pascoal, membro da equipe de pesquisadores.
Informações complementares
Os pesquisadores ainda apresentaram na publicação informações referentes à nidificação de algumas espécies, muitas delas pouco conhecidas pela ciência. Além disso, destacaram as principais espécies de aves com registros relevantes para o Estado do Tocantins.
Ninho e ovos do Rendadinho-do-xingu. Foto: Divulgação |
No total, os autores registraram a nidificação esporádica de 13 espécies de aves, destacando informações sobre o ninho do Rendadinho-do-xingu (Willisornis vidua), visto que há uma carência de informações sobre o ninho desta espécie quanto a suas dimensões, materiais empregados na construção, tamanho e coloração dos ovos.
“A Observação do ninho encontrado do Rendadinho-do-xingu nos permitiu identificar que essa espécie utiliza gravetos, raízes e pequenas folhas para confecção do seu ninho. Seus ovos têm aproximadamente 1,8 centímetros e apresentam coloração marrom com manchas rosadas”, explica Pascoal.
Dentre os registros importantes para o Estado do Tocantins estão espécies de aves com registros pontuais para o Estado ou ameaçadas de extinção, como a Azulona (Tinamos tao), o Jacu-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster) e o Chororó-de-goiás (Cercomacra ferdinandi). Segundo os autores, o estudo permitiu conhecer um pouco mais sobre a biodiversidade da avifauna do Tocantins, principalmente para esta região em específico, onde há uma escassez de informações.
Trabalhos futuros no Campus da EMVZ
Para trabalhos futuros, os pesquisadores enfatizam a necessidade de buscas sistematizadas por novas espécies de aves na área estudo, pois a curva de riqueza de espécies ainda não está estabilizada visto que a cada visita novas espécies foram inseridas na lista.
Além disso, a há relatos de moradores locais para a ocorrência de duas espécies de aves que não foram observadas durante os levantamentos de campo, o Jacamim (Psophia sp.) e o Uru-corcovado (Odontophorus gujanensis), ambos com status de conservação preocupante para o norte do Tocantins.
Desta duas espécies, há poucos registros para o Jacamim, baseados em informações de terceiros, enquanto que o Uru-corcovado, com registros confirmados para Araguatins e Wanderlândia, não foi detectado recentemente nessas localidades e nem em outras regiões da Amazônia tocantinense