Agentes da PF cumprem mandados em Araguaína.

Onze pessoas foram presas na Operação Vegas da Polícia Federal, deflagrada hoje (30), que investiga servidores do Ministério da Agricultura no Tocantins e mais três estados. Um fiscal agropecuário é apontado pela PF como responsável por liberar para consumo humano alimentos contaminados e carne bovina com tuberculose em troca de propina.

Também foram alvos da operação em Araguaína, dois frigoríficos -- Boi Forte (LKJ) e Minerva ? e uma fábrica de gelatina, Gelnex, além de outras nove empresas no Tocantins.

Conforme decisão do juiz federal João Paulo Abe que autorizou a operação, o fiscal agropecuário Dagoberto Machado Prata foi apontado como um dos principais corruptores, beneficiário de vultosas propinas dos frigoríficos submetidos à fiscalização federal agropecuária. Ele é proprietário de fazenda e tuava especialmente na região norte do estado.

Segundo a investigação, Dagoberto teria recebido propina mensal no valor de R$ 50 mil e ainda R$ 5 mil de auxílio combustível do frigorífico Boi Forte (LKJ) para liberar carcaças de animais contaminados.

"O investigado Dagoberto Machado Prata permitia, dentre outras coisas, que carcaças manifestamente contaminadas por tuberculose fossem destinadas a consumo humano, impedindo que a planta frigorífica da empresa LKJ (Boi Forte) em Araguaína fosse fechada, pelo absoluto descumprimento das normas sanitárias e de segurança alimentar previstas para o setor", diz um trecho da decisão.

O documento não deixa claro quanto dessa carne chegou a ser vendida ou consumida. Os produtos da empresa são vendidos apenas dentro do Brasil. A Polícia Federal pediu que as atividades do frigorífico fossem suspensas, mas a Justiça indeferiu o pedido.

O fiscal foi afastado das funções e teve a prisão preventiva decretada. Ele está no Instituto Médico Legal e deve prestar depoimento ainda hoje.

Tiveram Prisão Temporária

ORLIOMAR MARTINS DA CRUZ, FELIPE NAUAR CHAVES, DANIELLA DANDI DE FREITAS SOUSA, JEAN PAULO GALLETTI, CLEVERSON BAUM, SIDNEY MOREIRA DE ANDRADE, ROGERIO ILARIO ALVES DA SILVA, WAGNO OLIVEIRA SILVA, FREDSON RONEI CANDIDO, PRISCILA SOUSA SILVA, NAELSON GEORLANDO SANTOS, MARCELO PEREIRA DA COSTA, WANDERLEI DA SILVA ARAÚJO e FLORISBEL PEREIRA DOS SANTOS;

Condução coercitiva -  quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento:

SEBASTIÃO GOMES MACHADO; OSVALDO STIVAL JUNIOR; SIMEY ALVES JACINTHO CANDIDO; PAULO ROBERTO THIBES; LIDIA MARIA DE SOUSA LIRA; MARCELINO MARTINS BRINGEL; LARISSA ALVES FERNANDES e GERALDO HELENO DE FARIA;

O que dizem os envolvidos

Ao G1, o advogado de Dagoberto Machado Prata, Célio Moura, disse por telefone que está acompanhando o cliente e que ainda não pode se manifestar.

O frigorífico Boi Forte ressaltou que é cuidadoso com os produtos e ainda não tem conhecimento sobre o conteúdo da investigação, a empresa continua funcionando normalmente.

A Gelnex informou que entregou todos os documentos que foram solicitados pela Polícia Federal e ressalta que não há nada que caracterize desvio de conduta nas atividades da empresa ou envolvimento com esta suposta denúncia.

A Minerva Foods esclareceu que não há indiciamento ou denúncia contra a companhia ou seus executivos e membros do Conselho de Administração. A unidade da empresa em Araguaína disse que mantém as suas atividades regulares e reafirmou o compromisso com as melhores práticas e o cumprimento da legislação e do seu Manual de Ética.