Com motoserra, pistoleiros derrubaram barraco de camponeses.

Pistoleiros destruíram várias casas de camponeses que moram na Gleba do Tauá, no município de Barra do Ouro, Tocantins no último dia 16.  A área de 17,7 mil hectares é de propriedade da União, ocupada por cerca de 20 famílias tradicionais -- que vivem há mais de 50 anos-- e outras 66 famílias que passaram a ocupar as terras na última década.

O terreno é cobiçado pelos chamados por grandes produtores de soja. O conflito agrário estava adormecido desde dezembro de 2015, mas agora a tensão voltar a subir na região.

Ação dos pistoleiros

Imagens divulgadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram uma das ações dos pistoleiros.  Conforme a CPT, o líder do bando, (...)  afirma que todos os barracos construídos recentemente seriam derrubados.  O vídeo mostra que eles cortaram com motosserra e jogaram ao chão um barraco de madeira e palha recém-construído.

--Nas últimas duas semanas, casas e roças das famílias camponesas foram destruídas por pistoleiros supostamente a mando dos grileiros (...) tenta [m] expulsar há mais de uma década trabalhadores e trabalhadoras da comunidade tradicional.  Integrantes da comunidade também foram ameaçados e intimidados pelos capangas que rondam diariamente dentro da área.  Denunciou a CPT.

Ainda de acordo a CPT, atualmente não há nenhuma ordem judicial que permita a destruição de barracos ou despejo de qualquer morador da comunidade.

"Muito pelo contrário. A criação de dois assentamentos foi publicada em portaria oficial do Incra no início deste ano. Outras 10 áreas estão passando por processos administrativos dentro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para também serem criados assentamentos que atenderão às demandas das famílias camponesas."

Em audiência realizada em agosto de 2017, o juiz da Comarca de Goiatins determinou realização de perícia judicial na área para identificar quem de fato possui a posse das terras, quais as benfeitorias, quais são áreas da União entre outros quesitos.

Conforme a CPT,  o requerente da ação -- a família do fazendeiro -- não realizou o pagamento das custas periciais dentro do prazo determinado pelo juiz.

A nota da CPT cita que Gleba Tauá tem sido o alvo constante de desmatamento realizado por um empresário catarinense, o qual grilou essa área para plantar soja, milho e criar gado.

"Em maio de 2015, ao menos cinco tratores com correntões foram responsáveis por derrubar todo o Cerrado que encontravam pela frente."

Conflitos em 2017

De acordo com levantamento da regional Araguaia-Tocantins da Comissão Pastoral da Terra (CPT), cerca de 550 famílias camponesas do Tocantins foram despejadas dos locais onde viviam por meio de decisões judiciais  durante o ano de 2017.

Outras 829 famílias foram ameaçadas de despejos. Neste período, foram registrados 47 conflitos por terra envolvendo quase 2.500 famílias.