Ramila Macedo e Fernando Almeida

As precárias condições do IML de Augustinópolis, que presta atendimento em a toda a região do Bico do Papagaio, têm causado transtornos aos que dependem dos serviços essenciais do Órgão. No último fim de semana, o agricultor Pedro Primo Neto sentiu na pele o drama de viver desassistido pelo Estado. Seu filho, o motorista Jefté Silva Primo de 32 anos, foi assassinado no último domingo, 08, e a família precisou arcar com o translado.

Além da dor com a perda de um ente querido, a família enfrentou a angústia da espera para que o corpo fosse recolhido, passasse pela necropsia para então ser liberado ao velório. O motorista Jefté foi assassinado no povoado Bacaba localizado a 87,6 km de Augustinópolis por volta das 19 horas do domingo. A família acionou o IML, no entanto o corpo não foi recolhido pelo rabecão, sendo necessário a família desembolsar 350 reais para a uma funerária levar o corpo até a cidade de Augustinópolis.

Ao chegar no IML, o descaso foi ainda maior. Segundo a família, o corpo de Jefté ficou abandonado na frente do órgão por cerca de 20 horas à espera de um médico legista para fazer o exame cadavérico. A câmara fria que poderia conservá-lo foi instalada no ano passado, mas nunca funcionou devido a um defeito de fábrica.

Já o único rabecão do IML de Augustinópolis estava de serviço em outra localidade, e quando chegou na cidade por volta das 5 da manhã da segunda-feira (10), estava sem condições de rodagem, por problemas nos freios e pneus. A família então teve que aguardar o rabecão de Araguaína, cerca 250 km de Augustinópolis, que só chegou por volta das 14h30. De acordo com a família da vítima, com toda a demora e as más condições de conservação, o corpo entrou em processo de decomposição.

Translado de Araguaína

Segundo a Secretaria de Segurança Publica, o rabecão fez o recolhimento em Augustinópolis e chegou no IML de Araguaína às 18 horas e 30 minutos. A necropsia iniciou imediatamente, sendo o corpo liberado às 19 horas. Porém, o IML não retornou com o corpo para a cidade de origem e a família teve que arcar com mais despesas. Segundo o pai da vítima, foi preciso desembolsar 3.500 reais com serviços funerários e incluindo o translado do corpo de volta para Augustinópolis. “gasto que não seria necessário caso o serviço tivesse sido prestado pelo IML da nossa região” disse. O enterro só ocorreu na tarde de ontem.

Indignação

O pai da vítima afirmou que está indignado com o descaso do Estado. “Além do sofrimento, dos gastos e da espera para velar o corpo do nosso amado filho ainda nos sentimos humilhados pelo IML e pelo governo do estado do Tocantins que de fato tem a obrigação de prestar os serviços requisitados”.

Defasagem de Médicos Legistas

Em nota ao Araguaína Notícias, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) admitiu a demora na prestação do serviço, e alegou que há um único médico lotado no IML de Augustinópolis, “número que inviabiliza qualquer tipo de plantão de atendimento, bem como a realização de procedimentos complexos”. Segundo a nota, o Estado precisa de 90 médicos legistas, mas conta com apenas 60 e 13 deles vão se aposentar este ano.

IML de Augustinópolis

Além disso, a pasta informou que o imóvel do IML de Augustinópolis é alugado e não possui estrutura para a realização de necropsias. A câmara fria foi adquirida no ano passado, está na garantia, mas devido a um defeito de fábrica nunca funcionou.

Rabecões inoperantes

A precariedade não se limita apenas a Augustinópolis. Segundo a SSP, dos 13 rabecões do Tocantins, apenas quatro estão em funcionamento (em Palmas, Gurupi, Araguaína e o último em Augustinópolis). Nove veículos estão quebrados desde novembro de 2014 por falta de manutenção. Segundo a pasta, ainda não foi possível fazer os reparos dos veículos devido a dificuldades financeiras que acomete toda a estrutura governamental. A nota não diz quando irá fazer a manutenção dos veículos.