Durante coletiva na manhã desta terça-feira (6) em Palmas, o Secretário da Cidadania e Justiça (Seciju) Héber Fidélis falou sobre as mortes nos presídios do Tocantins. Ele descartou relação entre as mortes que ocorreram em Gurupi, Palmas e Araguaína. E atribuiu os atos como protesto contra bloqueio do sinal de celular nas prisões e o rigor no controle das visitas.
−Essas três mortes ocorridas nos últimos quatro dias são fatos isolados. Não tem correlação. E tem motivos incomuns. (...) A primeira morte em Gurupi (..) tudo leva a crer que foi um suicídio. A segunda [em Palmas] era um membro de uma facção [CV] morto por [outros integrantes]. No Barra da Grota outra facção [PCC] executou um membro. Explicou o secretário Heber Fidélis.
Ele acrescentou ainda que as mortes de Palmas e Araguaína, embora por facções distintas, é uma forma de protesto contra o bloqueio do sinal de celular nos presídios do Estado. E também pela instalação de scanners corporais para fiscalizar a entrada dos visitantes.
“Junto com a morte vieram alguns bilhetes informando que isso estava acontecendo como forma de protesto com o aparelhamento que estamos colocando nas unidades. (...) Isso traz algumas consequências, irrita algumas pessoas e essa é a forma de protesto. Com a implantação de Boris cans [scanners corporais] nas unidades praticamente é zero a entrada de ilícitos”. Explicou Helber.
Protesto no Barra da Grota
Ao falar especificamente sobre a barbárie da morte com esquartejamento de um peso no Barra da Grota, o secretário disse ser um protesto dos colegas de prisão pelo bloqueio do sinal do celular. O presidiário estava no pavilhão B, que abriga integrantes do PCC, e foi morto por colegas, conforme a Seciju.
--Quando ligamos os bloqueadores no Barra da Grota, Araguaína nos dois primeiros meses diminuiu de 30 a 40% a criminalidade. Isso traz algumas consequências e eles [agem] dessa forma, infelizmente. Frisou Héder, garantindo que o rigor da fiscalização vai continuar nos presídios.
Sem relação com massacre no Pará
O secretário também descartou a possibilidade das mortes no Tocantins serem relacionadas ao massacre ocorrido no presídio de Altamira (PA) que deixou 58 mortos.
“São fatos isolados que aconteceram em protesto, os dois últimos, pelo aparelhamento das unidades prisionais. (...) Foram mortos pelos próprios membros das fações e não por facções rivais. Então a gente não liga isso a outros movimentos.”
Crime bárbaro
A entrevista ocorreu um dia após a morte com requintes de crueldade no presídio Barra da Grota em Araguaína, onde um detento foi esquartejado. O corpo de Aristeu Ribeiro Filho foi encontrado numa cela do pavilhão B do presídio, ala reservada a membros do PCC. Segundo informações iniciais, estava com a cabeça decepada, pernas cortadas e o coração arrancado. Além disso, a cabeça foi colocada dentro da barriga do cadáver.
Outras mortes
Esta foi a terceira morte dentro de uma unidade prisional do Tocantins em quatro dias. Na última sexta-feira (2), Ademirde Pereira da Silva foi encontrado morto na Casa de Prisão Provisória de Gurupi, na região sul do estado. Ele ficou na unidade menos de três dias após ser preso suspeito de estuprar e torturar a própria ex-namorada.
Já no domingo (4), o preso Gernilson Vieira de Sousa, de 35 anos, foi encontrado morto dentro do pavilhão A da casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPP). O homem estava com uma corda artesanal amarrada no pescoço e marcas de perfurações no tórax.