Fernando Almeida

Em greve desde o dia 24 de março, e sem avanços nas negociações,  os professores e demais servidores da rede estadual de ensino interditaram com barricadas de pneus a BR-153 no início do perímetro urbano em Araguaína (TO), na manhã desta quarta-feira (2). O ato foi para chamar a atenção do governador Siqueira Campos para as reivindicações da categoria.

 Por mais de uma hora o trânsito ficou paralisado em ambos os sentidos da rodovia e os profissionais reafirmaram os pontos reivindicados, dentre eles melhores condições de trabalho, reposição salarial e o fim das interferências políticas nas escolas.

 A movimentação teve início por volta das 9 horas quando os profissionais saíram da sede do Sindicato em carreata até a rodovia federal. Os professores contaram ainda com o apoio de diversos pais, alunos e comunidade em geral. No ato foram expostas faixas, cartazes e panfletos com as críticas a gestão estadual e as reivindicações da categoria.

Ditador que viveu há 300 anos

 No ato, o  presidente regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Tocantins (Sintet), professor Jesulê Guida, pediu desculpas aos caminhoneiros pelos transtornos, porém esclareceu os motivos da manifestação e conclamou todos a lutarem por um país melhor. O líder sindical ainda fez duras críticas ao governador Siqueira Campos, comparando-o a um ditador que viveu há 300 anos.  Jesulê ainda acrescentou que o Tocantins é  um “Estado que tem apenas 25 anos de existência, porém, mais de 300 anos de velhice, corrupção, ditadura”.  O representante sindical ainda rebateu o argumento do Governo de que o professor do Tocantins recebe o 2º maior salário do Brasil.

 Má qualidade da merenda escolar

 Os profissionais também criticaram o baixíssimo repasse que é feito às escolas para aquisição da merenda escolar, fator que tem interferido na qualidade da alimentação. “A merenda distribuída aos alunos mais parece lavagem. Até a refeição servida no presídio é melhor. A merenda é farinha com feijão, parece comida de porco. Se chegar esse lanche lá no presídio Barra da Grota eles jogam na cara de quem estiver distribuindo”  criticou a educadora.

 Cartazes e faixas

 Nas faixas e cartazes os professores reivindicaram processo democrático na escolha dos diretores escolares, e não apenas critérios políticos.  “Eleições para diretores nas Escolas” dizia uma faixa.  Já a outra era mais enfática: “Fim da interferência política nas Escolas.” Um cartaz  criticava o rombo de R$ 300 milhões no Igeprev e, mais especificamente, a aplicação temerária na Churrascaria Porcão. “Nossos professores merecem uma aposentadoria digna”, defenderam.

Já um grupo de alunos que participou do manifesto fez uma paródia dedicada ao Governador do Estado. “Ehhh Siqueira, vê se te orienta! Desse jeito a educação não aguenta!”.

A BR-153 ficou interditada por mais de uma hora e o congestionamento formado nos dois lados chegou a 7 km.  O próximo passo, segundo a categoria, é fazer uma manifestação no Palácio do Governador, na próxima semana.

Faixa estendida na BR 153 justifica o motivo da greve dos professores no Tocantins