Marcos Reis

1) O Neymar (herói instantâneo da nação) sequer passou na porta de um hospital do SUS e seus médicos não eram cubanos. Uma simples visita ao Hospital Regional de Araguaína nos mostra a escalação (e grandiosa) dos enfermos graves e urgentes que padecem a carestia do sistema. Uma incontestável demonstração da inversão de valores. 

2) O resultado dos jogos da seleção brasileira em nada influenciou a melhoria da educação, saúde, segurança, trabalho e geração de emprego e renda, de modo sólido no país. Os donos de bares vão vender menos cerveja, as lojas de armarinho vão ficar com um estoque de bandeirolas empatado, os hotéis começarão a sentir a ausência dos hóspedes e muitos “temporários” voltarão à nefasta lista dos desempregados.

3) SIM! A prostituição e o tráfico de drogas e seus derivados, foram os grandes “campeões” nesse mundial. O resultado ainda poderá ser sentido pelo IBGE e pelos cartórios de registro de nascimento a partir de Abril de 2015.

4) SIM! Nosso dinheiro foi jogado em uma grande cisterna, de onde jamais poderá ser recuperado. Não poderemos transformar “ingressos” em leitos nos hospitais, nem cadeiras numeradas em “aparelhos de radiografia”. Não poderemos transformar os transportes “vip” em ambulâncias para os mais de 5 mil municípios brasileiros. Os estádios não se tornarão em imensas salas de aula ou teatros públicos e, ainda que insistam, os Estados não terão condições de arcar com a manutenção de muitos desses estádios.

5) Muito dificilmente esta geração escapará de uma imensa recessão econômica sem precedentes. As vendas se esfriarão, as dívidas aparecerão junto com as duplicatas dos televisores de última geração e quem fez investimentos consideráveis para desfrutar do período acabará tendo que se desfazer (melancolicamente, como a seleção, da taça) de alguns bens: automóveis, sobretudo.

6) SIM! O palanque de muita gente balançou seriamente com esta derrapada dolorida da seleção brasileira. Não só pelo mal resultado do time, mas porque de repente, um eventual título seria a mola propulsora, facilitadora de muita campanha por aí. Quer por anestesiar muitos incômodos e desconfortos em grande parte da população, quer por servir de álibi para a sangria financeira a que o país foi submetido.

7) TAMBÉM, a situação não está fácil para os oposicionistas do governo. Se para os governistas, os investimentos desnecessários macularam consideravelmente a imagem da presidenta (que o diga a memorável “saudação” à Dilma, na abertura da copa), para a oposição (PSDB e companhia), não existem motivos justos nem tangíveis para se vangloriar do insucesso da seleção. O país e muitos estados e municípios sob a administração tucana e de seus aliados, é o cenário do fracasso institucional. 

Perfil

Marcos Reis é advogado criminalista, historiador, escritor e professor de direito penal e constitucional. É natural de Belém e reside em Araguaína – TO, onde exerce a advocacia e ministra aulas jurídicas. Pertence à Academia Paraense de Letras e à Academia de Letras de Araguaína e Norte Tocantinense – ACALANTO.