Ramila Macedo
Realizado entre os dias 9 e 11 em Araguaína, o I Seminário de Literatura Tocantinense promoveu o encontro da comunidade acadêmica com os autores regionais. O evento realizado no campus da UFT, contou com palestras, comunicações orais e mesas redondas com temas que abrangeram o universo literário tocantinense, em especial de Araguaína. Além disso, serviu de espaço para o debate da existência ou não de uma literatura tocantinense.
Em entrevista ao AN, o idealizador do Seminário, Professor Dr. José Manuel Sanches, explicou que a ideia do evento veio a partir de indagações feitas por ele e por alunos sobre a própria produção literária do estado e da cidade de Araguaína.
Sanches acredita que existe sim uma literatura tocantinense com identidade própria, mas que quase ninguém a conhece. −Então o seminário tem como propósito fundamental possibilitar o encontro da comunidade acadêmica, da sociedade em geral com os autores e com as obras. E acrescentou. −Eu advogo, eu concordo, eu defendo a ideia de que se não há uma literatura genuinamente tocantinense, mas há uma literatura brasileira que se manifesta de forma diferenciada no Tocantins”.
![]() Temos um Tocantins que tem praticamente gente de todas as regiões do país. Cada um traz uma identidade, cada um traz um pouco de sua cultura e mescla com essa cultura (tocantinense). E a gente quer tirar isso aí. Buscar algo diferente. E isso não é fácil. - Edson Galo. |
Outros autores também aproveitaram suas falas para promover a reflexão sobre a busca da identidade literária do Tocantins. O escritor Edson Galo convidou os pesquisadores e alunos presentes para estudarem os fatores que conferem aos textos dos escritores locais uma identidade própria. “Eu venho convidar o profissional de Letras, que a faz a leitura, buscar essa identidade, ou então descobrir que ela não existe”.
O escritor Aires José Pereira, ressaltou que chegar ao conceito de identidade tocantinense ou mesmo araguainense é um trabalho desafiador. Aires José é escritor mineiro e vive em Araguaína há dez anos. Ele explicou que a poesia araguainense está repleta de autores de todas as regiões do país, e que cada um deles trazem consigo “uma vasta experiência de encontros e desencontros com a literatura de seu lugar”.
Para Aires José, produzindo aqui, esses autores aprendem também novas formas de ver, sentir, agir e ser, mas que no final todos saem ganhando com o crescimento intelectual. Ele resumiu que a literatura araguainense “é o lugar de encontro e desencontro. Tanto de poeta como de poesia. Poesias escritas, vivenciadas pelas e entre as pessoas”.
Já a pesquisadora da área de literatura, a Dra. Valéria Medeiros afirmou que o tocantinense deve ter pressa em apresentar as pessoas de outros estados uma compreensão da produção cultural tocantinense. "É um estado jovem e tem que se constituir. (...) Agora eu penso que nós temos essa urgência de compreender o que as pessoas de fora pensam de nós". Para a pesquisadora, a compreensão da produção literária do Tocantins deve ser feita “através de um planejamento e de uma articulação permanente com os órgãos municipais e estaduais” concluiu.