Advogado suspeito de agredir adolescente com camisa de Bolsonaro

Circula nas redes sociais vídeo de uma confusão envolvendo o adolescente Fernando Alencar Branchina e o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins (OAB), Edy César. O garoto teria sido agredido pelo advogado com um taco de beisebol por estar vestindo a camisa do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Mãe de Fernando, a servidora pública estadual e empresária Gláucia Branchina disse ao CT que já realizou boletim de ocorrência sobre o episódio. A OAB já confirmou o afastamento de Edy César, que chegou a negar em nota ter cometido qualquer tipo de agressão.

O vídeo foi uma tentativa de Fernando gravar a placa do veículo de Edy César porque teria sofrido ameaça de agressão. Nas imagens é possível ouvir o advogado pedir para o garoto sair do local e depois disparando que "vai quebrar" a bicicleta do adolescente. As imagens são cortadas, mas segundo Gláucia Branchina o filho chegou a ser atingido de raspão por um bastão de beisebol. O advogado também estaria portando uma faca, segundo a empresária.

A confusão teve início após um bate-boca entre Fernando Branchina e algumas mulheres que participaram do ato contra Jair Bolsonaro e que permaneceram no Parque de Povos Indígenas, local de concentração da mobilização. Como o adolescente vestia a camisa do presidenciável do PSL quando passou de bicileta pelo local, uma discussão teve início. Neste momento é que Edy César teria interferido, segundo a mãe do garoto. Fernando Branchina chegou a tirar a camiseta por medo de alguma agressão após ser aconselhado por uma colega que o acompanhou durante todo o episódio.

Após realizar o boletim de ocorrência, Gláucia Branchina contou ao CT que uma perícia da bicicleta de Fernando ? que teria sido depredada ? também foi solicitada. A mãe do adolescente contou que a confusão acabou após transeuntes e motoristas conterem o advogado. A empresária afirma ainda que o filho conseguiu fugir após usar um spray de gengibre que ela teria dado a ele após uma vizinha ter sido vítima de assaltada na região.

Apesar do episódio, Gláucia Branchina afirmou que a atitude do advogado deve ter sido algo de "momento" e que não acredita que o caso relata a postura de Edy César. "Acho que foi cinco minutos de bobeira. Imagino que uma pessoa que é dos direitos humanos não tem este perfil. Quero deixar registrado que, como mãe, imagino que isto foi no calor da discussão. Não imagino que este seja o perfil de Edy César, até pelo cargo que ocupa", ponderou.

"Não houve agressão"

O CT também entrou em contato com Edy César, que manteve a posição de nota divulgada sobre o episódio. Nela o advogado garante que não cometeu nenhuma agressão. "Muito menos contra uma criança", complementou. Ele discorre no texto que apenas reagiu "com firmeza" contra provocações realizadas por Fernando Branchina e o colega. É relatado ofensas e até arremesso de pedras em carros.

"Ao me dirigir para o estacionamento percebi duas pessoas, sem camisa, jogando pedras nos veículos que estavam parados próximos à praça e ofendendo manifestantes. Preocupado com a segurança das pessoas que estavam próximas a mim, apenas pedi com firmeza para que os meninos se retirassem dali e parassem com provocações em um ambiente que não tinha essa finalidade", resumiu.

Edy César afirma que acusação de agressão é "falsa" e cita o próprio vídeo divulgado por Fernando Branchina como prova. "Não mostra absolutamente nenhuma violência física contra qualquer pessoa", destaca o advogado, que repudiou qualquer tipo de agressão. "Defendo e sempre defendi a democracia e a liberdade de expressão. Não acredito em violência e nunca agi dessa forma", anotou.

"Meninos causaram problemas"

Edy César passou ainda o contato do coordenador de segurança do evento contrário a Jair Bolsonaro por considerar a fala dele sobre o episódio "importante". Ao CT, Aguinaldo Leal narrou que os meninos envolvidos na confusão com os advogado estiveram no Parque dos Povos Indígenas durante a manifestação e que "estavam causando problemas".

Na coordenação do ato, Aguinaldo Leal só afirma que os garotos chegaram a mostrar o spray de gengibre para os presentes,  xingavam as mulheres que participavam da mobilização e que chegaram a segurar pedras, apesar de não ter constatado nenhum ato depredatório dos mesmos. O coordenador reforça que não estava presente no momento da confusão com Edy César porque o protesto já tinha terminado no momento.

Afastamento

A seccional tocantinense da Ordem dos Advogados do Brasil pediu velocidade na apuração dos fatos e responsabilidade do episódio, mas confirmou o afastamento de Edy César da presidência da comissão de direitos humanos da entidade. "A OAB repudia atos de intolerância e toda manifestação de ódio e por essa razão, seguirá firme acompanhando as apurações e definições de eventuais responsabilidades de membros inscritos em suas fileiras. O compromisso da Ordem é com o cumprimento da Constituição Federal e assim seguirá seu mister", anotou.