De janeiro a junho deste ano foram mais de 400 casos de lesão corporal

O Tocantins é o 7ª estado brasileiro mais violento para as mulheres, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com dados de 2015. Os casos de violência continuam a preocupar, pois só nos primeiros seis meses de 2017, o estado registrou 130 estupros, 22 tentativas de estupro e pelo menos 17 mortes de mulheres.

Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública, divulgado pelo G1-TO, foram mais de 400 casos de lesão corporal e mais de mil casos de ameaças neste ano. Durante o ano de 2016, a SSP-TO registrou 382 estupros em todo o estado e 33 tentativas. Também houve 59 mortes entre os casos de homicídio doloso e as mortes a esclarecer. Mais de 3,2 mil ameaças e ainda 1,5 mil casos de agressão física.

Atendimentos na DPE

As vítimas que encontram forças procuram ajuda da Defensoria Pública Estadual (DPE), que conta equipe multidisciplinar e presta assistência psicológica e social.. Na data em que a Lei Maria da Penha completa 11 anos de existência, nesta segunda 7, a DPE fez um alerta de que exemplos comprovam que denunciar é o melhor caminho.

No período de janeiro a agosto do ano passado, foi registrado 271 atendimentos de vítimas de violência. Já no mesmo período deste ano, foram 323 mulheres, dos quais foram 74 apenas nos meses de junho e agosto.  Conforme defensora Vanda Sueli Machado os atendimentos no Tocantins não só aumentaram como ficaram mais graves, com denúncias graves de agressão com armas de tiro, objetos cortantes e de tortura.

Vítima de violência doméstica

Um relato divulgado pela DPE, mostra o retrato das mulheres que são vítimas de seus próprios maridos dentro de casa.

"Ele dizia que me amava muito e que estava arrependido. Tudo começou com piadas ofensivas, me ridicularizando na frente das pessoas, depois ele partiu para ameaças, me proibia de sair, destruía as minhas coisas. Queria forçar a relação sexual e quando eu falava que não queria, ele me batia muito. Era aceitar ou ficar toda mutilada, espancada. Eu tinha medo até de cruzar com ele pela casa porque não aguentava tanto sofrimento, até que ele começou a ameaçar me matar. Disse que faria isso sem que ninguém percebesse, beberia meu sangue e depois de tudo tiraria a própria vida" relatou Maria (nome fictício), com 40 anos de casada.

A dona de casa Maria Gomes sofreu violência física, psicológica, emocional e sexual por 20 anos. "Eu cheguei até a dormir na rua porque ele me botou para fora de casa. Fui violentada, saí sem nada, passei fome, minha vida toda só foi sofrimento. Eu me achei sem nada, perdi tudo na minha vida, eu só não cheguei a me jogar de uma ponte porque eu tinha uma netinha para cuidar, mesmo morando na rua. Mas a minha vontade era muito maior de morrer do que continuar naquele sofrimento", relembra a aposentada, aos prantos.

Denuncie

Os principais meios de denúncias relativas à violência doméstica é o "Ligue 180" e "Disque 190", que pode ser acionado gratuitamente. Em caso de violência sexual, a vítima deve procurar o Savis ? Serviço de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual, hospitais ou postos de saúde públicos para atendimento de primeiros socorros e narrativa da agressão. Outra iniciativa é ir até a DEAM ? Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, registrar Boletim de Ocorrência, requerer as MPU ? Medidas Protetivas de Urgência e/ou representar criminalmente.

Após esse procedimento, a vítima pode comparecer ao Nudem ? Núcleo Especializado de Defesa da Mulher (3218-6771) na Defensoria Pública para acompanhamento do trâmite de representação criminal, ações iniciais na Vara de Família e sucessões.