Em entrevista ao AN, a travesti que teve sua casa incendiada na madrugada da segunda-feira (7) em Araguaína, falou sobre o trágico ocorrido. Bárbara Gomes, 33 anos, acredita que o incêndio seja criminoso, motivado por preconceito e diz ter ficado em estado de pânico ao ver sua residência destruída pelas chamas.

Bárbara conversou com a equipe do AN na manhã desta quarta-feira (9), dois dias após o incêndio e falou pela primeira vez sobre o caso.  Para Bárbara, a ação criminosa foi motivada por preconceito e discriminação. "Alguém que não gosta de mim, alguém preconceituoso, alguma coisa nesse estilo. Porque não tenho nenhum inimigo. (...) Alguma coisa [relacionada a ] preconceito. (...) Alguém que discrimina nossa classe" relatou Bárbara.

A travesti lembrou que já sofreu preconceito por parte de um ex-presidente de Bairro, mas preferiu não citar o nome. "[ele) falou que ia fazer um abaixo assinado para me tirar de lá. Ele disse que não queria ?viado? no setor. Mas ele foi até expulso de lá e hoje é outro", contou Bárbara, sem mencionar a data do ocorrido.

Ela falou sobre o momento em que chegou e se deparou com a residência destruída parcialmente pelo fogo. ?Fiquei desesperada, em estado de choque, em pânico. Não sabia se eu chorava, desmaiava ou ficava paralisada", desabafou Bárbara.

O incêndio    

O incêndio aconteceu na madrugada desta segunda-feira (7) no setor Morada do Sol, etapa III. A informação é de que homens invadiram a residência, reviraram os pertences e atearam fogo. Roupas, cama e móveis foram queimados. Também o motor da geladeira foi retirado e outros bens furtados. Bárbara registrou Boletim de Ocorrência nesta terça-feira (8), mas não há pistas dos autores do ato.

Ações

O vice-presidente da Associação das Travestis e Transexuais do Tocantins (Atrato), Fernando Vieira, se manifestou sobre o caso no Facebook. Relatou que Bárbara vive em condições de vulnerabilidade social e que já entrou com pedido de aluguel social junto à Secretaria de Ação Social.

Também aproveitou a oportunidade para dizer que Bárbara está acolhida na casa de parentes e pediu doação. "Peço ajuda de vocês que acreditam que o melhor caminho é a união e solidariedade, que possam doar roupas, alimentos material de limpeza, etc. Toda ajuda é válida nesse momento".