Cada sociedade e período histórico valoriza determinados padrões comportamentais e de beleza. Enquanto o Ocidente, hoje, considera a magreza bela, um corpo mais curvilíneo era bem-visto na Mauritânia, sendo sinal de boa saúde no Renascimento europeu, após a Grande Peste ocorrida em meados do século XIV.
Ao criar tendências e escolher modelos para desfilar as novas tendências de cada temporada, o mundo da moda é um dos principais criadores de padrões de beleza no mundo atual, especialmente para as mulheres.
Capas de revistas, publicidade de produtos e meios de comunicação exibem diariamente esse padrão de beleza, que gera impactos que vão além da mera apreciação visual, como maiores aceitação e credibilidade no ambiente de trabalho, escolha de parceiros amorosos, construção da autoestima e da autoconfiança.
Movimento plus size
Nos últimos anos, o movimento de valorização de corpos gordos, em contraposição à consagração dos magros como os únicos considerados belos, gerou o movimento plus size. Um dos pilares dessa ação é que as pessoas se sintam bem com seus próprios corpos.
A partir de questionamentos trazidos pelos movimentos feministas sobre as pressões acerca das mulheres, o plus size defende a valorização dos corpos gordos, entendendo a moda como algo em que tudo é possível — sem ser restrita a combinações para “emagrecer” o visual.
Acompanhando esses questionamentos e buscando ampliar a clientela, a indústria da moda vem criando espaços para roupas e modelos plus size em todo o mundo. Somente em 2013, esse mercado movimentou cerca de R$ 4,5 bilhões no planeta.
Segundo dados da Associação Brasileira do Vestuário, esse mercado cresceu 8% e movimentou mais de R$ 7 bilhões no país em 2018. O ano de 2016 marcou o nascimento da Associação Brasileira Plus Size (ABPS), que surgiu a partir da união de profissionais do setor e do pensamento acadêmico de universidades.
Como representante de empresas da produção e do comércio de vestuários, joias, acessórios e calçados, a ABPS integra atividades tecnológicas, mercadológicas e científicas para promover o crescimento do segmento no país. A organização também busca mapear e gerar informações estratégicas, atraindo novos olhares e investimentos para o setor.
Defesa da pluralidade
A principal reivindicação do movimento plus size é que as roupas de modelagens maiores sejam encontradas em quaisquer lojas, não fiquem restritas a algumas poucas araras, nem sejam transformadas em slogan de marketing.
Na prática, isso significa que as roupas e os modelos não devem ter por objetivo “corrigir corpos” a partir de cores, estampas e tendências distintas de outras. A ideia é valorizar a beleza que todos eles carregam.
Padrões de beleza no Ocidente
No Ocidente do século XVII, os espartilhos eram usados por mulheres para diminuir a circunferência da cintura, o que dava a impressão delas serem frágeis. Já na década de 1920, movimentos de emancipação feminina passaram a defender um corpo menos sensual, o que popularizou o uso de faixas para achatar cinturas, seios ou quadris e deixá-los na mesma proporção.
Após a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, houve a valorização de ombros mais largos para as mulheres, que desejavam ter uma imagem mais forte. A indústria cinematográfica reverteu a tendência com o visual de ícones como a atriz Marilyn Monroe.
Na busca por liberdade de padrões, o movimento hippie dos anos 60 passou a defender corpos com poucos seios e curvas. Essa ideia foi derrubada nos anos 90, quando houve uma supervalorização de seios e quadris fartos, exibidos à exaustão em filmes, canais televisivos e capas de revista.
Padrões em outras partes do mundo
Em algumas regiões da Etiópia, as cicatrizes não são motivo de vergonha como no Ocidente, mas de orgulho. Na etnia karo, os homens fazem cicatrizes no peito para representar rivais mortos em batalhas.
No Mianmar, localizado no sudeste asiático, as mulheres da etnia karen são reconhecidas por alongar o pescoço com anéis de metal. Ao forçar os ombros para baixo, eles dão a impressão de que o pescoço é mais comprido. Apesar de estar em desuso, o ritual para colocar os acessórios ainda é realizado em algumas regiões do país, sendo gradativo e começando aos 5 anos de idade.
Na Nova Zelândia, descendentes do povo maori fazem tatuagens tribais no rosto, chamadas moko. No passado, esses sinais conferiam status a quem os possuía, hoje, representam uma revalorização pelas tradições culturais do povo. Nas Ilhas Marquesas, situadas no Oceano Pacífico, tatuagens no pé esquerdo e na mão direita indicavam que a mulher era casada.