Leide (à esquerda) com a dona Teresina, de Ponte Alta do Bom Jesus (TO)
Foto: Divulgação

Leide Jass Rodrigues Barrelin tem usado as redes sociais para mobilizar pessoas, especialmente políticos, a instalar uma Casa de Apoio do Tocantins a pacientes em tratamento contra o câncer em Barretos (SP).

Natural de Novo Jardim do Tocantins, ela tem lutado contra um câncer de mama no Hospital de Amor --anteriormente conhecido como Hospital de Câncer de Barretos-- desde 2016 e ainda ajuda tocantinenses que chegam na cidade paulista em busca da cura.

8 mil atendimentos em 2018

Conforme dados do Hospital de Amor, só em 2018, a instituição atendeu 805 pacientes do Tocantins, que geraram mais de 8 mil atendimentos. A maioria vindo da capital Palmas. O restante de 93 cidades do estado.

Falta moradia

Apesar de conseguir o atendimento gratuito, essas pessoas precisam se alojar em Barretos, já que o tratamento dura em média de 8 meses a 1 ano.

Leide chama atenção para a falta de apoio para receber os tocantinenses. Enquanto outros estados mantem casas de apoio a seus conterrâneos, falta moradia aos tocantinenses, que na maioria são carentes.

Não existe nenhuma casa de apoio de nenhum dos seus 139 municípios, nem um centro de acolhimento do próprio estado tocantinense. Como essas pessoas se viram? Sobrevivem? Massacrados pela ganância imobiliária, donos de kitnetes e pensões que exploram essas pessoas sem o mínimo de piedade”.

Custos de hospedagem

À reportagem, Leide relatou que uma diária numa pensão que sequer cede lençol custa R$ 20 por pessoa. “Com acompanhante são 40 reais por dia. 1.200 reais por mês para uma pessoa que ganha 998 reais por mês, o nosso digníssimo salário mínimo”. Lamenta a situação.

Mesmo morando a 70 km de Barretos, a voluntária que ainda faz acompanhamento no hospital, viaja para dar apoio aos tocantineneses.

“Eu convivo com eles e sei da sua dor e luta, pessoas desempregadas que deixam suas casas, famílias, pra viver uma outra vida”.

Em busca de apoio

Recentemente o apelo da voluntária chegou até um dos diretores do Hospital de Amor em Barretos, Rubikinho Carvalho. Ele gravou um vídeo ao lado dela para sensibilizar o poder público a tomar providências.

Ao se dirigir aos políticos, Rubikinho argumentou. "Eu acho que o hospital já tá fazendo a parte dele, mas eu venho aqui, pedir humildemente, que vocês [políticos] organizem uma maneira de hospedagem para esses pacientes. (...) Talvez duas casas de apoio do Tocantins seriam necessárias para abrigar essas pessoas que estão vindo. Para que elas pudessem ter um local para se sentir mais aconchegado, onde possam ter um banho, uma refeição, uma cama. Porque muitas dessas pessoas estão passando dificuldades tremendas aqui no hospital. Temos alojamentos, mas não temos vagas”.

Solicitou o diretor acrescentando ainda que o Estado poderia arcar com uma casa mobiliada, com até 18 camas, com aluguel de 5 mil reais mensais. “Um aluguel desses, pra vocês do Tocantins não é difícil conseguir” destacou o diretor.

A voluntária Leide relatou também que já foi até a Câmara de Deputados em Brasília para mobilizar políticos a ajudarem esses pacientes, que carecem de muita ajuda.

Confira abaixo uma relação de tocantinenses em tratamento no Hospital de Amor em Barretos apoiados pela voluntária Leide. Eles autorizaram a divulgação das imagens.

Valdenia, de Nazaré (TO), teve que se mudar para Barretos, porque não tinha como custear as viagens. O marido faz bicos e vivem de doações, atá sua pequenina ficar curada.

 Seu José, de Palmas, luta contra um câncer no intestino há mais de um ano. Ele viaja com a companheira, e segundo Leide, não conseguiu nenhuma ajuda.

Maria Rita, de Palmas, tem leucemia. Segundo a avó, está sem receber Tratamento Fora de Domicílio (FTD) há 4 meses.

Voluntária Leide ao lado de Fernanda, de Ponte Alta do TO. A jovem faz tratamento contra o câncer.

Leide ao lado de Zenita, de Dianópolis. A jovem custeia as viagens para Barretos

Sivane Rodrigues, de Ananás, há mais de um ano fez mastectomia total. Uma vez por mês precisa viajar para tomar injeções e fazer procedimentos. Nunca conseguiu o TFD