Desesperados com a ordem de despejo, moradores do Setor Alto Bonito bateram na porta da Câmara de Araguaína durante sessão no último dia 10. Contudo, quem estava de short foi barrado na porta e os de trajes adequados foram recebidos no gabinete da presidência. Além disso, uma pessoa foi impedida de usar a tribuna.
Apesar de o Regimento prever a entrada de visitantes somente com trajes adequados e uso da tribuna só com inscrição prévia, moradores do Alto Bonito esperavam “o bom senso”. E que tais normas do Regimento da Câmara fossem flexibilizadas e o presidente fizesse as ponderações sobre a ordem Judicial.
—A Câmara não tem nada a ver com a situação de vocês. É uma decisão judicial. Nós já fizemos essa discussão com a comunidade. (...) Então nós discutimos bastante esse assunto. Agora as pessoas que vem para fazer baderna, infelizmente aqui não tem espaço. Declarou o presidente da Casa, vereador Gipão, acresescentando.
—Ordem Judicial não parte da Câmara. Ordem judicial parte do Poder Judiciário, é juiz. Ordem judiciária é cumprir, não tem outro caminho. Agora a gente pode ouvir, a gente pode escutar vocês. Mas dentro da legalidade, dentro da normalidade. Não adianta fazer barulho, não adianta dar pressão, que a gente vai ouvir conforme a norma. Frisou.
Posteriormente, Gipão suspendeu a sessão e se reuniu no gabinete da presidência com os vereadores e a comunidade do Setor Alto Bonito.
Entenda
Ao menos 600 pessoas que moram no setor Alto Bonito em Araguaína, devem ser retiradas de suas casas. O mandado de reintegração de posse da área já foi expedido pela Justiça e pode ser cumprido a qualquer momento.
A disputa judicial da área do setor Alto Bonito, na época Chácara Buriti, começou no ano de 2002 e a decisão final da Justiça ocorreu em 2015. Não há mais recurso e uma imobiliária é a proprietária do terreno.
Ao longo de 15 anos o município fez benfeitorias e os imóveis se valorizaram nesse período. Hoje, o bairro conta com asfalto, iluminação e uma creche. Além de linhas de ônibus, água tratada e vários estabelecimentos comerciais.
Entretanto, o valor de indenização é bem menor, pois o que vale é o da época do início do loteamento. Na área estão 140 residências, onde moram ao menos 600 pessoas.
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