Ronaldo Dimas (PL), pré-candidato ao Governo do Estado, esperava do senador Irajá Abreu (PSD), a retribuição do apoio dado na eleição de 2018. Contudo, Irajá deu as costas para o ex-prefeito e ainda colocou uma pedra no caminho dele rumo ao Palácio Araguaia.

Na última eleição, quando houve mobilização para eleger o “Senador de Araguaína”, o nome era César Halum. Contudo, na época, Dimas negou apoio ao projeto de eleger Halum e declarou apoio a Irajá Abreu, filho da senadora Kátia Abreu. 

A expectativa de Dimas, que agora precisa fortalecer o grupo na corrida ao Palácio Araguaia, era de que Irajá retribuísse o apoio dado na eleição passada. Mas, nesta segunda-feira, 4, Irajá declarou apoio ao pré-candidato a governador Osires Damaso (PSC).

De uma só paulada, Irajá não apenas frustrou a expectativa de Dimas, mas também colocou uma pedra no meio do caminho do ex-prefeito de Araguaína. Isso porque Irajá consultou muitas lideranças antes de hipotecar o apoio. Disse ter conversado com quase 80 prefeitos, sendo 52 prefeitos do PSD e 30 do Progressistas.

O senador reforçou que que o PSD é uma das principais legendas do Estado e conta com 52 prefeitos, 64 ex-prefeitos, 135 vereadores e 16 vice-prefeitos. E que Damaso, com apoio de cinco partidos (PSC, PSB, PRTB, Avante e PSD)  conta, hoje, com “um exército de aproximadamente 150 pré-candidatos a deputados estaduais e federais nestas eleições”.

Os números mostram que o projeto de Damaso fica mais robusto e sinaliza mudanças no cenário político. Pois antes disso, o cenário apontava para o confronto entre Dimas e Wanderlei. Agora, a pré-candidatura de Damaso ganha força e ele se torna um nome competitivo, assim como os dois já citados.

A construção desta aliança muda o cenário e traz preocupação tanto para Wanderlei quanto a Dimas. Pois, as lideranças se dividem, assim como o eleitorado. Wanderlei, no governo, conta com a força da máquina pública, que é poderosíssima.

Já Dimas, que tem apoio do senador Eduardo Gomes, tende a perder força, principalmente nas pequenas cidades, onde o apoio do líder local rende votos. É claro, que Wanderlei perde também no interior, mas como está com a âncora no Palácio, consegue amenizar impactos advindos com as mudanças dos ventos.

A divisão do bolo em mais fatias afeta diretamente Dimas. Pois, quem está com a máquina na mão já sai em vantagem, por diversos fatores. Daí, a disputa pelo voto se torna maior entre os outros dois D: Damaso e Dimas. Sem falar na fatia de Paulo Mourão, que é cativa e dificilmente alguém ‘toma’ o voto fiel do petista.

Damaso também deixou um recado que traz alívio aos palacianos e um alerta ao ex-prefeito de Araguaína. Damaso disse ter o “melhor projeto” e ser o mais preparado. Isto é, pelo tom do discurso, ele pretende conquistar o mesmo perfil de eleitor que Dimas também busca.

Se Dimas manter as severas críticas à gestão de Wanderlei e tirar votos do palaciano com isso. Não significa conquistar mais, pois o eleitor pode migrar para Damaso. Se na campanha Dimas parar as críticas, beneficia Wanderlei. Se manter, pode turbinar o concorrente Damaso.

Além de sinalizar ao eleitor de Dimas, dizendo ter o melhor projeto e ser o mais preparado, o carismático Damaso deixou um recado de tranquilidade a Wanderlei. Foi categórico ao dizer que “não vai ficar falando mal dos concorrentes.”  Isso é, reforça que o foco não é tirar voto de Wanderlei, mas  sim conquistar os que podem ser de Dimas.

O tom de Damaso faz relembrar a máxima de que candidato que bate muito no adversário assume que não é o preferido do eleitor. Se apenas propor, não faz o contraponto ao discurso de Wanderlei, que pode garantir logo uma das vagas num possível 2º turno. Com isso, Dimas pode ter que disputar a outra com Damaso. Olha quanto ficou mais difícil, pois antes o embate seria direto com Wanderlei.

Enfim, ao se colocar com o melhor projeto, mais preparado e pacífico, Damaso se torna a pedra no caminho de Dimas, colocada pelo ex-aliado senador Irajá. Também, no que depender dele, deixa o caminho livre para Wanderlei percorrer sem embaraços a corrida ao Palácio Araguaia.