Política

Cenário aponta disputa entre Jorge e Wagner, mas precisam evitar a vaidade

Alguns ainda aguardam Dimas bater o martelo e dizer com as próprias palavras o nome do escolhido.

Deputado Jorge Frederico e Wagner Rodrigues devem disputar a prefeitura de Araguaína.
Foto: Edição AN/Fotos divulgação

Há seis meses, no início de fevereiro, escrevi um texto de opinião sobre os bastidores da política em Araguaína, em que apontava a possível disputa entre Jorge Frederico e Wagner Rodrigues. Na época, alguns discordaram, mas com passar do tempo, o cenário político vem se encarregando de mostrar de forma mais clara a evidência apontada ainda no início de 2020.

Desde então, muitas coisas aconteceram nos bastidores da política e também veio a pandemia da covid-19, tornando Araguaína a cidade mais afetada, já com 100 mortes. Apesar desse lamentável acontecimento, o cenário político continua mostrando que a eleição para prefeito da capital econômica deve polarizar entre Wagner Rodrigues e Jorge Frederico. Mas, ambos os lados da disputa, precisam evitar a vaidade, um pecado capital.

Reza a lenda que Santo Antão resistiu as mais terríveis tentações por 80 anos, mas ao final da vida sucumbiu por causa do pecado da vaidade. A citação dele aqui não se trata de reforçar ou negar a fé católica, mas sim de exemplificar como a vaidade pode levar a ruína muitos reinos, impérios e projetos nas diferentes áreas. Inclusive na política, na qual é comum a vaidade se sobrepor à realidade do cenário.

Dito isto, volto ao cenário político de Araguaína, onde Wagner se consolida como o pré-candidato de Ronaldo Dimas, mesmo antes da batida oficial do martelo.  Por outro lado, Jorge Frederico se firma como o representante da oposição, que visa agregar lideranças que não rezam a cartilha de Dimas. 

O PT deve sim lançar candidatura própria, tendo o ex-juiz do Trabalho Leador Machado como cabeça de chapa. Porém, a disputa acirrada será entre o grupo de Dimas e as forças de oposição, encabeçada pelo deputado araguainense.

Dimas tem o desafio de oficializar a escolha de um dos três pré-candidatos do grupo (Marcus Marcelo, Wagner Rodrigues e Elenil da Penha), e ainda deixar os outros dois debaixo do chapéu. 

Alguns ainda aguardam Dimas bater o martelo e dizer com as próprias palavras o nome do escolhido. Mas, enquanto isso, nos bastidores sabe-se que o gestor já escolheu Wagner e tenta manter Elenil e Marcus na sombra do chapéu. Ficar na sombra do chapéu de Dimas é uma escolha de Elenil e Marcus, que tem prós e contras.   Mas isso será assunto de outro texto.

Enquanto Dimas, Elenil e Marcus avaliam quando anunciar suas decisões, sem vaidades, Wagner e Jorge já estão bem adiantados na missão de concretizar seus projetos de candidatura. Dadas às circunstâncias, o cenário aponta para a polarização entre os dois.  Wagner deve apostar na continuidade. Isso reforça o apoio dos 1º e 2º escalões da gestão Dimas, pois há grandes chances de continuarem.

Desconhecido, mas com pouca rejeição, Wagner deve construir a imagem do técnico da gestão. Responsável por ajudar a viabilizar recursos para as obras em andamento nos bairros para cair na graça da população e se tornar o nome viável, com chances de vitória para ser o sucessor do Dimas.

Porém, Wagner precisa se precaver da vaidade e sempre andar com as sandálias da humildade, principalmente nos setores onde o aumento do IPTU chegou no primeiro mandato de Dimas e as obras ainda serão promessas de campanha, usadas para justificar a eleição do sucessor.  Ele precisará de jogo de cintura se durante as andanças alguém pedir a senha do Wi-fi do Parque Cimba.  Ou questionar sobre o prometido “Araguaína Conectada”.

Jorge, por sua vez,  tem como desafio mostrar o que Dimas não fez em quase oito anos e convencer a população de que ele sim pode fazer. Defensores justificam que Jorge deve adotar uma postura pacificadora e argumentam que ele atualmente é mais conhecido e tem maior capital político que o adversário. Claro, reconhecem que Wagner deve crescer ao longo do processo, mas neste momento devem usar as críticas na dose certa tentar inibir o voo do indicado por Ronaldo. 

O projeto de Jorge deve aglutinar as forças políticas contrárias a Dimas.  E, neste sentido, a abordagem ao eleitor deve cravar na gestão Dimas a pecha do aumento de IPTU, da iluminação pública e criação de taxas. Além de focar propostas para a área social e na viabilidade delas. 

Enfim, espera-se que Jorge e Wagner não subam no palanque da vaidade, mas que façam uma disputa saudável com discussão de projetos que visem o bem comum da sociedade araguainense.