A cada dia, cerca de 12 leitos de internação deixam de atender pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em oito anos o Brasil fechou ao menos 34 mil leitos de internação do Sistema Único de Saúde (SUS).  As desativações, média de 12 por dia, ocorrem em 22 unidades federativas. Mas em cinco estados a situação se inverteu e o saldo ficou positivo. A exemplo, o Tocantins que teve saldo de 231 leitos entre os anos de 2010 e 2018.

Os dados foram compilados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. Segundo o estudo, nos últimos oito anos, o total de leitos desativados soma mais de 34 mil leitos de internação.

Em maio de 2010, o Brasil dispunha de 336 mil leitos para uso exclusivo do SUS. Em maio de 2018, o número baixou para 301 mil.  Já nos últimos dois anos, foram fechados mais de 8 mil leitos destinados a quem precisa ficar no hospital por mais de 24 horas no Brasil.

Tocantins 

Segundo o estudo do CFM, em 2010 o Tocantins pussuía 2.121 leitos. Na época a população era de 1,3 milhão de habitantes. Hoje, com uma população 12% maior (1,55 milhão), o número de leitos é 2.352 -- aumento de 10%.

Além do Tocantins, outros quatro estados brasileiros tiveram saldos positivos: Rondônia (629), Mato Grosso (473), Tocantins (231), Roraima (199) e Amapá (103).  Entretanto, quando se observa as especialidades, pediatria foi a que mais perdeu leitos. Em 2010 eram 455 leitos de interção pediátrico, em 2018 o CFM registrou 367. São 88 leitos a menos nestes oito anos.

Especialidades e regiões

Entre as especialidades mais afetadas, nos oito anos estudados, estão a psiquiatria, pediatria cirúrgica, obstetrícia e cirurgia geral. As únicas especialidades que apresentaram aumento no número de leitos foram a ortopedia e traumatologia, que tiveram aumento superior a mil leitos.

O Sudeste foi a região que perdeu mais leitos, com cerca de 21,5 mil. O número representa uma queda de 16% em relação a 2010. O Centro-Oeste e Nordeste perderam cerca de 10% dos seus leitos durante o período apurado, com saldos negativos de 2.419 e 8.469, respectivamente. Nesta região, o Rio de Janeiro foi o estado que mais perdeu leitos, com 9.569 a menos, seguido de São Paulo (-7.325) e Minas Gerais (-4.244).

O Sul é a região que perdeu menos, em números absolutos (-2.090) e em proporção (-4%). Já o Norte apresentou saldo positivo, com crescimento de 1%, ou 184 leitos a mais.

Má gestão do SUS

"Enquanto os gestores seguem fechando leitos em todo o país, milhares de brasileiros aguardam na fila do SUS para realizar uma cirurgia eletiva", critica o presidente do CFM, Carlos Vital.

Segundo ele, as informações revelam o impacto do mau uso das verbas disponíveis e da má gestão administrativa do SUS. Os resultados devem ser encaminhados para o Congresso Nacional, Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Contas da União (TCU).

O primeiro secretário do CFM, Hermann Von Tiesenhausen, acredita que, sem a adoção de medidas efetivas, o SUS continuará registrando atrasos em diagnósticos e tratamentos. "Neste ano em que o SUS ? patrimônio nacional ? completa 30 anos, é preciso encontrar soluções eficazes que permitam a consecução de plena assistência, com respeito aos direitos humanos e qualidade", acrescentou.