Marcelo Miranda (MDB), eleito por três vezes para comandar o estado do Tocantins, entra para a história como único governador do Brasil a ser cassado por duas vezes. E os seus escândalos foram repercutidos em reportagem do Fantástico (Rede Globo) exibida neste domingo, 22. Cassado, Miranda é atualmente alvo de 86 ações civis públicas movimentas pelo Ministério Público Federal (MPF), que cobram a devolução de R$ 1,2 bilhão desviados em obras.
O que diz MarceloApesar das cassações, operações da Polícia Federal e dos processos "a perder de vistas", Marcelo se diz sereno, tranquilo e anda, como sempre enfatiza, "de cabeça erguida". Fora do poder, ele trava batalha jurídica para retomar ao comando do estado e aguarda o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) devolver o cargo de governador.
Inclusive, o MDB, partido do presidente Michel Temer, suspendeu a convenção e desistiu de participar da eleição suplementar no Tocantins, pela primeira vez desde que o estado foi criado.
Fraude de pontesNa reportagem, o Fantástico citou as investigações sobre a suposta fraude milionária na construção de pontes no Tocantins. "Segundo o Ministério Público, sempre que mandou no estado, Marcelo Miranda participou de um grande esquema de corrupção, envolvendo empreiteiras".
O Ministério Público entrou com 86 ações cobrando que os acusados devolvam o dinheiro desviado. À Globo, o promotor de Justiça Vinícios de Oliveira e Silva destacou o objetivo do MPE. "Pede nessas ações, tanto em relação a ressarcimento e multas, mais de um bilhão e duzentos milhões de reais."
A reportagem destacou que uma das suspeitas de fraudes e corrupção envolve o cartão postal do Tocantins, a ponte que liga Palmas a Paraíso do Tocantins. Cita que durante as obras o então governador, Marcelo Miranda, autorizou 116 ordens de pagamentos para medições fraudadas e serviços irregulares.
PrejuízoSegundo a promotoria, o prejuízo aos cofres públicos passou de R$ 460 milhões. "O desvio apurado daria para construir o dobro de obras construídas no estado do Tocantins", disse o promotor de Justiça, André Fonseca de Carvalho à reportagem. Acrescentando que: "Pontes que têm oito metros de altura, se fossem usados materiais que foram pagos, poderiam ter 80 ou 100 metros de altura, o que é algo totalmente impossível de existir".
SuperfaturamentoA reportagem mostrou também a ponte sobre rio Soninho, com gasto R$ 3,6 milhões. Ela mede 75 metros de cumprimentos enquanto a antiga de madeira tinha apenas 20 metros de extensão. Para o Ministério Público, a explicação para a diferença no tamanho entre as pontes é que a obra foi usada para desviar dinheiro.
Laranjas do esquemaO Fantástico também exibiu o conteúdo da deleção premiada de um ex-funcionário da família de Marcelo Miranda, Alexandre Fleury Jardim. Cita que ele confessou que era um dos laranjas do esquema. E disse, na delação, que R$ 65 milhões encontrados nas suas contas eram, na grande maioria, da família Miranda e que movimentou outros R$ 20 milhões em dinheiro vivo para compra de gado, pagamento de dívidas da família e doações irregulares de campanha de Miranda em 2006."
DefesaMarcelo Miranda não quis comentar o conteúdo da reportagem do Fantástico. Já o advogado, Jair Alves Pereira, negou as acusações que recaem sobre o cliente.
"É o momento de demostrar que os fatos não são como estão apontados na acusação. Nós estamos absolutamente tranquilos em relação a isso. Apostamos e confiamos na Justiça que tudo vai esclarecer".
Confira a reportagem do Fantástico aqui