Fernando Almeida/Araguaína Notícias

Um surto de diarreia em Ananás (TO), cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, tem intrigado as autoridades de saúde quanto à proporção e a causa. Somente este mês, 242 casos foram registrados no Hospital Nossa Senhora Aparecida na cidade, tendo maior incidência entre os dias 4 e 9 de dezembro.

Hipótese descartada

A princípio, a hipótese era de que a fumaça seria a responsável por causar o surto. Mas a ideia foi praticamente descartada por dois motivos. Primeiro: a ‘nuvem branca’ encobriu praticamente todo o Tocantins, parte do Pará e Maranhão  â?? o surto ocorreu somente em Ananás. O segundo: somente a fumaça, sem qualquer reagente químico, não causaria diarreia. Mas sim problemas respiratórios.  Os sintomas apresentados na população de Ananás foram febre, vômito e diarreia.

Comparando com Araguaína, que embora esteve encoberta por fumaça no mesmo período, os sintomas apresentados por pacientes que procuraram atendimento médico foram diferentes.  Nos primeiros três dias de dezembro, 75 pessoas foram atendidas na UPA e HMA por problemas respiratórios causados pela fumaça.  No entanto, em nenhum dos casos os pacientes apresentaram diarreia ou os sintomas observados na população de Ananás.

Denúncia de Água sem cloro

Agora, a suspeita recai sobre a água coletada no Ribeirão dos Porcos e distribuída pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), autarquia municipal. Ao Araguaína Notícias, a vereadora Anália Borges (PSDB) afirmou que um servidor do SAAE admitiu que foi fornecido água  à população, sem cloro, durante três dias. O caso teria ocorrido antes do surto. “A água foi um fator predominante”, opinou a parlamentar.

Fumaça fora de cogitação

A coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Ananás, Noledir Solange dos Santos Santiago, afirmou que a causa do surto ainda é desconhecida. Ela descartou que seja a fumaça, pois somente um agente químico poderia causar o “desarranjo intestinal”. Se fosse  “a fumaça teria que ter partícula de produtos químicos usados nas lavouras (borrifados) com avião,” explicou. Ainda enfatizou que não há nenhum registro de aeronave utilizando agrotóxico na região. 

Análise da água

A coordenadora da Vigilância disse ainda não ser possível afirmar que a água tenha causado o surto. Informou que foram coletadas 40 amostras da água e enviadas a Palmas para análise em laboratório. O resultado sai no prazo entre 20 e 30 dias. Somente o laudo pode apontar as causas. Noledir ressaltou que o surto já passou, foi distribuído cloro nas residências e a população está sendo orientada para lidar com a situação.

Ao AN, o diretor do SAAE,  Fransciso Rodrigues Dias, negou que houve distribuição de água sem cloro. “Não procede. Foi um boato divulgado no WhatsApp,” disse. Ele  acrescentou que análises feitas na água no período do surto não apontaram nenhuma alteração.