O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou, na manhã desta quinta-feira (25/7), que a Polícia Federal afirmou que aparelhos celulares utilizados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foram alvos de ataques pelo grupo de supostos hackers preso na última terça feira (23/7).
De acordo com o ministério, "por questão de segurança nacional, o fato foi devidamente comunicado ao presidente da República". Ainda não foi informado se os acusados tiveram acesso ao conteúdo de aplicativos de mensagens dos presidente.
De acordo com a PF, mais de mil pessoas, entre juízes, jornalistas, deputados e integrantes do Executivo podem ter tido seus celulares acessados ilegalmente. No computador de um dos investigados, as equipes policiais encontraram atalhos para contas em aplicativos de mensagens, entre eles o perfil do ministro Paulo Guedes no Telegram.
As investigações continuam para saber as motivações. As informações preliminares indicam que se trata de um grupo especializado em estelionato virtual. As informações do celular do ministro Sérgio Moro seriam vendidas para o PT. Ele se reuniu, nessa quarta-feira (24/7), com o presidente Bolsonaro e passou um panorama do andamento do caso. Em nota, o PT afirma que mais uma vez o partido é alvo de uma armação.
Modus operandi
Na decisão que autoriza as prisões e o cumprimento de mandados de busca e apreensão, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, detalha como teria ocorrido a invasão ao celular de Moro e dos demais alvos. De acordo com o magistrado, as investigações da Polícia Federal apontam que os supostos hackers tiveram acesso a um código enviado pelo Telegram para que a conta de Moro fosse acessada por computador.
O código é enviado por meio de uma ligação. “O invasor, então, realiza diversas ligações para o número alvo, a fim de que a linha fique ocupada e a ligação contendo o código de ativação do serviço Telegram Web seja direcionada para a caixa postal da vítima”, descreve o magistrado em sua decisão.
A PF vai enviar à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informações sobre a dinâmica do ataque cibernético. A intenção é acabar com vulnerabilidades na rede das companhias telefônicas, que deixam os usuários expostos.
Os presos
Gustavo Henrique Elias Santos: tem 28 anos, é conhecido como DJ Guto Dubra de Araraquara (SP). Trabalha com organização de festas eletrônicas. Foi preso em 2013 por receptação de uma caminhonete. Julgado em 2015, foi condenado a seis meses em regime semiaberto. Movimentou R$ 424 mil entre 18 de abril e 29 de junho de 2018. Tem renda média de R$ 2.866.
Suelen Priscila de Oliveira: tem 25 anos, foi presa no mesmo endereço de Gustavo, em São Paulo, com quem já foi casada. Movimentou R$ 203 mil entre 7 de março e 29 de maio. Tem renda mensal registrada de R$ 2.191.
Walter Delgatti Neto: tem 30 anos, é conhecido como Vermelho e foi preso em Ribeirão Preto (SP). Costumava se apresentar como investidor e estudante de medicina da USP, onde não estudava. Foi alvo de mandado de busca e apreensão em 2015, quando a namorada do irmão dele, de 17 anos, o acusou de dopá-la e estuprá-la. Em sua página no Twitter, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e a Sérgio Moro. Chegou a responder ao coordenador da Lava-Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, sobre como identificar se o conteúdo vazado do seu celular era verídico. Compartilhava páginas de sites ligados à esquerda, mas era filiado ao DEM desde 2007.
Danilo Cristiano Marques: tem 33 anos, também foi preso em Araraquara, enquanto fazia um curso de eletricista. É motorista de Uber. Teve uma microempresa de comércio de equipamentos de telefonia e comunicação com o nome Pousada e Comércio Chatuba.