Potes usados para armazenar potes
Foto: SSP-TO

O Sicar Laboratórios, empresa alvo da Operação Nablus, deflagrada Polícia Civil na manhã desta quarta-feira,11, recebeu ao menos R$ 3 milhões do Estado entre os anos de 2017 e 2020. Os valores foram levantados no Portal da Transparência pelo G1 Tocantins.

O referido laboratório prestava serviços para a Secretaria de Saúde do Tocantins e, segundo a polícia, atendia principalmente pacientes do Hospital Geral de Palmas (HGP) com suspeita ou em tratamento de câncer. Durante a Operação, três pessoas foram presas em flagrante, sendo o médico diretor técnico do laboratório clandestino, o responsável administrativo e a responsável técnica.

A PC informou que o laboratório era clandestino e armazenava irregularmente  pedaços de corpos humanos em potes de sorvete, margarina e até de creme capilar. E que o local era uma casa adaptada se tornar um laboratório, que funcionava em condições precárias, segundo as investigações.

"São diversos materiais genéticos armazenados indevidamente que evidenciam fraudes em laudos laboratoriais e exames imprecisos, uma vez que as amostras estão em total desacordo com as normas sanitárias de armazenamento. Pontuou o delegado Evaldo de Oliveira Gomes da Deic de Palmas.

Segundo a PC, durante a operação, foram encontradas diversas irregularidades. Tais como material biológico mergulhado em frascos de sorvete, paçocas, creme capilar e até recipiente de achocolatado.  

Os potes de coleta de urina e fezes estavam mergulhados em um balde com uma substância líquida para serem lavados e posteriormente reaproveitados.” Informou a SSP-TO. A Vigilância Sanitária Municipal de Palmas também interditou o local que não possui licença municipal e estadual.

Já  defesa dos investigados disse que a situação está relacionada a questões internas da antiga gerência, incluindo o desvio de verbas e furto de equipamentos, que teriam deixado o laboratório nas condições atuais e que "os esclarecimentos a cerca da inocência serão prestados em juízo".

Operação Nablus

O nome da operação remete a atual cidade situada no distrito de Samaria, onde existia a antiga cidade de Siquém e um poço, também conhecido como poço de Sicar, no qual Jesus dialogou com uma Samaritana. O Poço Sicar é profundo e escavado na rocha sólida que tem sido associado à tradição religiosa com Jacó por cerca de dois milênios.

A operação conta com delegados, agentes, escrivães e peritos da Dracco, 1ª Deic, 2ª Deimpo, Decor, 6ª Deic, 2ª DPC, 7ªDeic, 4ª DPC e do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gote).

Nota da SES

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que ainda não foi citada pela Polícia Civil sobre a operação realizada na empresa Sicar Laboratórios, mas está à disposição para contribuir com a investigação de forma transparente.

A SES-TO esclarece que tem contrato com a referida empresa para análise de exames de anatomia patológica e imunohistoquimica destinado as unidades hospitalares.

O contrato foi efetivado via processo licitatório, seguindo a legislação vigente e estava sendo acompanhado e monitorado por fiscais que identificaram inconformidades e atrasos nos serviços prestados. Tal fiscalização corroborou para denúncia na Vigilância Sanitária Municipal já realizada pelo Estado.

A SES-TO ressalta que os pagamentos à referida empresa só são feitos mediante a apresentação do faturamento, que é realizado após emissão dos laudos. Vale destacar que em 2022 todos os repasses realizados referentes ao contrato com a Sicar, foram feitos diretamente à Justiça do Trabalho, resguardando direitos trabalhistas de seus funcionários.

Por fim, a SES-TO considerando a situação encontrada, tomará todas as medidas cabíveis. A Gestão Estadual não compactua com malversações ou dano ao erário público e garante que nenhum paciente ficará sem a assistência necessária.